Para FGV, tendência é manter a alta, mas em ritmo mais contido
Impulsionada por avanço da vacinação contra a covid-19, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiu 1,3 ponto entre junho e julho, para 82,2 pontos. Com a elevação, o indicador se posicionou para o mais elevado nível em nove meses.
Foi o quarto aumento consecutivo, mas o de menor magnitude, notou Viviane Seda, pesquisadora da Fundação. Para ela, a menor intensidade reflete perda de fôlego na confiança do consumidor em julho, influenciada por preocupação entre os de menor poder aquisitivo com avanço da inflação e mercado de trabalho ainda fraco.
Para a economista, confiança do consumidor nos próximos meses deve prosseguir em retomada. Mas o ritmo será lento e em menor magnitude.
O saldo positivo do indicador foi puxado principalmente por expectativas mais favoráveis de junho para julho, disse Viviane. O Índice de Expectativas (IE) um dos subindicadores do ICCm subiu 2,5 pontos, para 90,8 pontos. O outro, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 0,7 pontos, para 70,9 pontos.
Um dos aspectos que contribuíram para essa piora na avaliação sobre momento atual foi o comportamento das famílias mais pobres A técnica informou que, na evolução do ICC por faixas de renda, as famílias com ganhos mensais até R$ 2,1 mil tiveram queda de 2,4 pontos na confiança em julho ante junho, para 71,7 pontos. Entre as famílias com ganhos acima de R$ 9,6 mil, o ICC subiu 3,3 pontos – acima da média para todas as faixas – para 93,2 pontos.
“A inflação é um fator [para derrubar a confiança entre os mais pobres] mas não é o único”, comentou. Segundo ela, essas famílias de renda mais baixa operam com alto patamar de endividamento, sem emprego e sem reservas financeiras, mas precisa continuar a consumir.
Sobre emprego, Viviane comentou que ainda há muitas dúvidas em relação a ritmo de abertura de vagas, ao longo do segundo semestre. Ao mesmo tempo, o quadro sanitário também engloba incertezas: não há como saber se a entrada de novas variantes de covid-19 no país poderia conduzir a piora na pandemia. A vacinação também conta com dúvidas, com algumas capitais recentemente suspendendo primeira dose por falta de imunizantes.
“Devemos, sim, ter resultado positivo, mas vai continuar a ser muito lenta [a retomada] pelo menos daqui para frente” afirmou. Ela notou que a vacinação está avançando, o que impacta positivamente a atividade, como os setores de comércio e de serviços, muito afetados por restrições de circulação social em meio à pandemia.