Segundo VP da Falconi, crise norte-americana serve de exemplo para ações de prevenção no Brasil e em outras partes do mundo.
A recente crise de abastecimento de ovos nos Estados Unidos reacendeu o debate sobre a importância da gestão de riscos no agronegócio, inclusive no mercado brasileiro. É o que ressalta o VP da unidade de negócios da Falconi voltada para o Agronegócio, Andre Paranhos. O executivo explica que problemas como a alta nos preços por conta da escassez do produto, impulsionados por surtos de gripe aviária e desafios logísticos, demonstram como eventos inesperados podem impactar a cadeia produtiva e reforçam a necessidade de estratégias para mitigar perdas e garantir a sustentabilidade do setor.
Desde o início do surto, em 2022, mais de 100 milhões de galinhas foram perdidas, com cerca de 30 milhões delas desde outubro de 2024, segundo a United Egg Producers. Isso está fazendo com que as caixas de ovos sejam vendidas nas prateleiras dos supermercados a preços que, convertidos para o real, chegariam aos R$70. Há relatos de estabelecimentos que estão limitando o número de unidades por cliente, para garantir a disponibilidade, além de roubos de cargas em estados como Pensilvânia.
Para Andre Paranhos, crises como essa poderiam ser minimizadas com uma abordagem estruturada de gestão de riscos. “O agronegócio é um setor altamente vulnerável a fatores externos, como mudanças climáticas, surtos sanitários e oscilações de mercado, seja no Brasil, nos EUA, ou em qualquer parte do mundo. Ter uma gestão de riscos bem definida permite que os produtores se antecipem a esses desafios e reduzam impactos negativos, sem precisar ‘aprender com a dor’“, afirma. “Falta preparação e uma cultura de prevenção. Seja no ambiente público ou no privado, na cidade, no campo e nos mais diferentes segmentos econômicos, é evidente a necessidade de uma evolução nas práticas de gestão empresarial“, complementa o VP da Falconi.
Estratégias para uma gestão de riscos eficiente no agro
Segundo o especialista, uma boa gestão de riscos no agronegócio, além da necessidade de um bom planejamento, envolve a adoção de medidas preventivas e reativas que garantam a continuidade da produção mesmo diante de adversidades, evitando os “três Ds”: descuido, desleixo e desconhecimento. Soma-se a essa equação a “necessidade de um olhar holístico e amplo sobre os problemas”, mapeando possíveis riscos na gestão dos campos, contando com o conhecimento dos líderes e o potencial da tecnologia preventiva.
Algumas das principais estratégias e recomendações levantadas por Paranhos incluem:
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Diversificação da produção: evitar a dependência de um único produto ou mercado reduz os impactos de crises específicas em determinados segmentos.
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Monitoramento sanitário e biossegurança: investir em práticas rigorosas de biossegurança e em sistemas de monitoramento contínuo pode evitar a disseminação de doenças, como a gripe aviária.
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Gestão de estoques e logística: criar reservas estratégicas e melhorar a eficiência da cadeia logística garante maior resiliência diante de interrupções no abastecimento.
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Uso de tecnologia e dados: ferramentas de análise preditiva e inteligência artificial ajudam a antecipar tendências de mercado e eventos climáticos, permitindo uma resposta mais rápida e precisa.
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Seguro rural e instrumentos financeiros: a contratação de seguros auxilia na mitigação de prejuízos causados por oscilações de preços e eventos climáticos extremos, como enchentes e queimadas.
Para Paranhos, a chave para evitar crises como a dos ovos nos EUA está na profissionalização da gestão e na adoção de uma visão estratégica. “Os produtores que integram planejamento, gestão de risco, tecnologia de dados e conhecimento pessoal têm mais capacidade de adaptação e competitividade no mercado. O agronegócio precisa encarar esses desafios com planejamento e inovação“, conclui.