Cultivo do milho deve crescer na 2ª safra de 2025, mas clima e janela são alertas acesos

Em seu último Boletim de Acompanhamento de Safras divulgado no dia 12 de dezembro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou o plantio da segunda safra de milho em 16,596 milhões de hectares, o que representaria um aumento de 1% em relação à área cultivada no último ciclo.

O Diretor Técnico da Abramilho, Daniel Rosa, destacou que a entidade também espera um aumento de área cultivada com milho na temporada 2025. “Esse deve ser um ano de recuperação. 2024 foi ruim para a produção e em 2025 a expectativa é de voltar a crescer, não no recorde de 2022/23, mas ainda assim positiva”, diz.

A expectativa de boa janela para o plantio neste ano é um dos fatores que sustenta essa indicação de aumento de área. Após um atraso inicial no plantio da soja em 2024, o ciclo da safra de verão se normalizou e muitas regiões devem conseguir semear o milho dentro do período ideal.

“Apesar de toda a preocupação de atraso de plantio de soja no fim de setembro e começo de outubro, os produtores estão esperando plantar milho entre janeiro e fevereiro dentro de uma boa janela, isso também aponta crescimento de área”, destaca o Analista de Mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão.

Produtor rural em Paracatu/MG, João Luiz Pinton optou pelo cultivo do sorgo na segunda safra de 2024, mas planeja retomar o plantio do milho para 2025, justamente de olho nessa janela mais positiva de semeadura.

“A colheita da soja deve começar em 20 de janeiro e dar uma janela boa para a safrinha. Então esse ano eu vou com milho ao invés do sorgo. No ano passado eu cultivei 100% de sorgo, mas esse ano optei pelo milho porque vou conseguir plantar antes, ano passado comecei a colher em março e saiu demais da janela”, conta Pinton.

A região de Campo Mourão no Paraná também é outra que espera ter aumento de área cultiva com o cereal para esta safrinha.

“Já é evidente isso. Os produtores já adquiriram os insumos de maneira antecipada e a expectativa é positiva para o milho. Com certeza a área terá aumento com relação à safra passada”, relata José Petruise, Diretor Técnico AEACM.

“Por mais que a soja tenha tido um início de ciclo mais conturbado, o plantio caminhou bem e a expectativa é ter uma boa área de soja colhida até fevereiro, o que diminui todo esse receio de implementação da lavoura de inverno. Esse cenário sustenta a perspectiva de o produtor manter ou até aumentar a área de milho inverno”, explica Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria.

No Mato Grosso, maior estado produtor nacional de milho, as projeções também são de elevação na área plantada com o grão nesta segunda safra de 2025, conforme aponta o último levantamento divulgado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) em dezembro.

O estado deve semear 6,84 milhões de hectares na temporada 2024/25, uma elevação de 0,7% ante ao projetado em novembro e 0,56% maior com relação ao ciclo 23/24. “Esse cenário de incremento na expectativa foi influenciado pela melhora no preço futuro do milho no estado, que está cobrindo as despesas modais do Custo Operacional Efetivo dos produtores”, aponta o Imea.

Este olhar para condições de mercado mais favoráveis é justamente o segundo dos fatores que tem sustentado projeções de aumento no cultivo de milho do Brasil para 2025.

“Os preços para julho/25 e setembro/25 estão remuneradores em muitas regiões produtoras. O produtor tem incentivo de preço e margem para pensar com mais carinho na cultura”, relata Nogueira.

“Os preços do milho olhando para 2025 sinalizam ao agricultor aumento de área. A demanda interna para produção de etanol de milho e para o setor de alimentação animal também estão bastante favoráveis para enxugar esses estoques. Tudo isso sinaliza um 2025 muito favorável para a cultura de milho do ponto de vista do potencial de produtividade, mas também do ponto de vista de remuneração e receita”, complementa Galvão.

“Os preços de insumos tiveram redução no geral, ainda que haja queixa de preço por parte de alguns produtores. Esperamos um pequeno aumento de área devido a boa relação de troca e de preços”, afirma Rosa.

Apesar de favorável a princípio, clima e janela de plantio são um alerta que segue ligado no radar dos produtores. Isso porque, a colheita da soja ainda será atrasada em algumas regiões produtoras e há risco de que chuvas atrapalhem as atividades da primeira safra e acabem postergando a possibilidade de plantio.

“Apesar do aumento na expectativa de área, um ponto de atenção continua sendo a grande concentração de área de soja que precisará ser colhida entre janeiro e fevereiro de 2025, para a implementação da cultura do milho na sequência”, alerta o relatório do Imea.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, a meteorologista da Nottus, Desirée Brandt, destacou esse cenário de muita chuva entre os dias 07 e 20 de janeiro na região Centro-Norte do Brasil, especialmente em partes do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Tocantins, que podem ultrapassar os 100 mm acumulados nestes 7 dias.

“É uma chuva muito bem-vinda para partes do Matopiba, para garantir bons índices de água no solo e para encher os nossos reservatórios e mananciais. Porém, para algumas regiões, como o norte de Goiás, que desejariam começar a colher nesse período, será um período realmente com o desafio de chuva volumosa e persistente trazendo dificuldade para entrar em campo e colher”, alerta Brandt.

“Sempre que há um atraso na soja isso gera um risco e traz preocupação para a janela do milho. Hoje os produtores são muito mecanizados e acabam cobrindo esse espaço e acelerando as atividades. No geral, já vimos outros anos de atraso da soja não ter interferência no milho e esperamos uma janela no geral positiva. O clima ainda é incerto, mas em um ano de neutralidade tende a ter produção mais estável”, aponta o Diretor da Abramilho.

“O plantio ocorreu em um tempo muito curto e a colheita acaba se concentrando. Como nem todo mundo tem máquina suficiente para tirar a lavoura no momento em que ela chega para colher ou é dessecada, tem que tomar bastante cuidado com isso. Esse ano como o clima ajudou e a chuva está mais constante, o produtor tem mais chances de obter altos rendimentos com o milho, mas precisamos lembrar que o milho é uma planta bastante exigente em termos de luz. Nós passamos agora por quase duas semanas em que as plantas de soja tiveram uma redução na disponibilidade de luz e o milho é uma planta bastante exigente em luz”, comenta Rogério Coimbra, professor na UFMT-Sinop.

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