Nada como um bom susto para fazer os mais distraídos reporem as peças no devido lugar.
Era mais ou menos assim, distraída, que vinha se comportando a avicultura de postura desde que, em agosto do ano passado, viu os ovos obterem a melhor remuneração de todos os tempos. Depois daquele mês, enquanto os custos continuavam aumentando, os preços recebidos passaram a retroceder e o setor, parece, nem se deu conta disso.
O susto veio em janeiro, quando o preço recebido pelo produtor retornou, nominalmente, a níveis que haviam sido registrados quase dois anos antes, no primeiro trimestre de 2021. Então, os resultados só não foram piores porque o setor passou a descartar poedeiras mais velhas e/ou menos produtivas. Mesmo assim, o preço médio registrado no mês correspondeu ao menor patamar em 12 meses.
Mas como a lição primordial fora feita, frutos mais significativos seriam obtidos em fevereiro. Pois, à limpeza do plantel menos produtivo, somou-se a retomada do consumo – pelo término das férias de parte da população, mas também pelo reinício, mesmo incipiente, do ano letivo e da merenda escolar.
Resultado: valorização mensal de 33% e anual de, quase, 25% e a melhor média de todos os tempos, superando em mais de 12% o recorde anterior, registrado em agosto do ano passado.
Nos últimos dias do mês o mercado deu sinais de estabilização. Mas apenas porque o consumidor está esgotado. Ou seja: em março, tudo aponta na direção de novas valorizações. Não apenas porque estejamos no início de um novo mês, mas também – e principalmente – porque entramos na Quaresma, período religioso em que, tradicionalmente, o ovo alcança, senão o melhor, um dos melhores preços do ano.
Coincidentemente, altas similares às do Brasil vêm ocorrendo também na Europa e na América do Norte, mas por razão absolutamente distinta (perda de plantel pela Influenza Aviária). De toda forma, o consumidor brasileiro vem sendo bombardeado diariamente com notícias vindas do exterior a propósito da carência do produto e dos preços elevados. Quer dizer: está mais propenso a pagar o justo preço.