Neste ano, a Quaresma – que começou em 17 de fevereiro e termina hoje, 1º de abril – teve efeitos absolutamente opostos para o frango e para ovo. Principalmente para este último, pois enquanto garantiu relativa estabilidade ao frango, causou retração no preço dos ovos, o que é raro ou, provavelmente, inédito na passagem desse período religioso.
É fato histórico: durante a Quaresma, com raras exceções, os ovos alcançam os melhores preços do ano. Melhores até que os registrados durante as Festas de final de ano. Isto, por sinal, fica ainda mais claro quando se analisa o desempenho médio do mercado nos últimos 20 anos (2001 a 2020): nessas duas últimas décadas, em apenas seis ocasiões (30% do total), o preço de dezembro superou o registrado em março do mesmo ano. E, na média desse período, o preço registrado em março ficou 9% acima do alcançado no último mês de idêntico exercício.
Infelizmente, março de 2021 é mais uma exceção, pois o melhor preço do ano, até aqui, foi registrado em fevereiro. Ou seja: teoricamente, março foi fechado com uma redução de preço de 2,4% em relação ao mês anterior. Teoricamente, explica-se, porque o desequilíbrio entre oferta e procura redundou em muitos negócios a preços inferiores aos que prevaleceram como referenciais de mercado. Assim, o índice real de queda foi ainda maior.
A chegada de um novo mês gera a expectativa de reversão da atual situação. Mas há menos salários chegando ao mercado, a merenda escolar praticamente inexiste e o ansiado auxílio emergencial (que começa a ser pago no dia 6) agora é bem menor. Quer dizer: fica difícil apostar em alguma reversão.
Mesmo assim é oportuno ponderar que em termos anuais, o ovo permanece em posição vantajosa. E, neste caso, vale lembrar que um ano atrás – nesta mesma época e devido às primeiras medidas contra a pandemia – o ovo obteve, não apenas no Brasil, mas em praticamente todo o planeta – valorização inédita.
Dessa forma, ainda que o preço médio alcançado em março esteja apenas 10,76% acima do obtido um ano atrás (ou seja, não cobre o aumento de custo registrado nos últimos 12 meses), permanece como a segunda melhor cotação de todos os tempos. E isso se reflete também no preço médio do primeiro trimestre, cerca de 20% superior ao dos mesmos três meses de 2020.
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