De acordo com o analista Karl Setzer, da consultoria Agrivisor, o cereal mudou de direção durante o dia após a previsão do tempo indicar que haverá chuvas em parte do cinturão de grãos dos Estados Unidos.
O milho também foi pressionado por preocupações do mercado com o avanço da variante delta do coronavírus nas grandes economias, o que pode exigir a adoção de novas medidas de restrição para a circulação de pessoas — e, com isso, diminuir o uso de combustíveis, como o etanol à base de milho nos EUA.
Outro ponto de atenção do mercado, segundo Setzer, é a demanda chinesa. “Atualmente, a China tem 13 milhões de toneladas de reservas dos Estados Unidos e outros 6 milhões de toneladas da Ucrânia. Isso coloca a compra anual da China muito perto do total projetado. Alguns analistas agora afirmam que os chineses importarão mais do que isso”, disse ele, em relatório.
Após subir 3,7% na segunda-feira, o trigo manteve sua trajetória de correção na bolsa de Chicago. O contrato para setembro, o mais negociado, caiu 1% (7,25 centavos de dólar) nesta quarta, a US$ 7,1725 o bushel. A posição seguinte, dezembro, recuou 0,82% (6 centavos de dólar), a US$ 7,2875 o bushel.
O cereal vem passando por ajustes de preços, em meio às preocupações com o avanço da variante delta da covid-19 pelo mundo. Mas os fundamentos do cereal seguem sólidos, com uma perspectiva de safra mundial menor do que o esperado. Os cortes nas estimativas de produção da Rússia, maior exportador mundial, e as péssimas condições do trigo de primavera nos EUA oferecem suporte aos preços no curto prazo.
A soja, por sua vez, fechou o dia em leve alta. O contrato para novembro, atualmente o mais negociado, subiu 0,45% (6 centavos de dólar), a US$ 13,2575 o bushel.
As cotações do grão acompanharam a valorização dos óleos vegetais na sessão, disse Karl Setzer. Outro dado que ofereceu suporte veio da consultoria americana StoneX, que divulgou suas projeções atualizadas para a safra americana. No relatório, a empresa reduziu sua previsão de produtividade das lavouras para um índice menor que o estimado atualmente pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Esse dado fez os investidores anteciparem suas apostas para o relatório mensal de oferta e demanda, que o USDA divulgará na semana que vem. Nele há a expectativa de ajustes na produtividade das principais culturas em função da seca no país, como soja, milho, trigo e algodão.
Fonte: Valor Econômico
Autor: Rikardy Tooge e Fernanda Pressinott,