Emirados e Brasil discutem alta nos preços da ração animal

Com o aumento dos preços de commodities como soja e milho, as rações também encareceram e os Emirados estão com dificuldades para comprar do Brasil.

A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o Ministério de Economia dos Emirados Árabes Unidos realizaram na manhã desta quinta-feira (18) uma reunião online entre entidades públicas e empresas privadas do Brasil e dos Emirados Árabes Unidos para conversar sobre o cenário atual da ração animal. Com o aumento dos preços de commodities como soja e milho, as rações também encareceram e os Emirados estão com dificuldades para comprar do Brasil.

A diretora geral da Emirates National Food, Janete Al-Haidar, afirmou que, desde o aumento dos preços de milho e soja em janeiro, houve um aumento muito grande no valor da ração para suas aves. “Nós temos a maior fazenda de aves dos Emirados Árabes Unidos. Esse aumento que vimos no preço das rações foi destruidor para nós, e em outros emirados há subsídios, mas isso não acontece aqui em Dubai”, declarou. Al-Haidar disse que os preços praticados atualmente não são sustentáveis a longo prazo.

O aumento no preço da soja e do milho acabou gerando uma crise na importação das commodities pelos Emirados Árabes, já que houve um aumento de 50% a 60% no valor praticado nos últimos dois meses, o que força as empresas a aumentar o preço da ração animal. Os empresários dos Emirados presentes na reunião queriam saber se há alguma possibilidade de os preços diminuírem, mas a situação é crítica.

O superintendente de Gestão de Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Allan Silveira, deu um panorama da soja no mundo e informou que o Brasil é o maior produtor e exportador do grão, e que os Estados Unidos ficam em segunda posição. Segundo Silveira, a produção foi recorde no Brasil nesse período de pandemia, mas os estoques diminuíram com a alta demanda. Mesmo assim, Silveira afirmou que o cenário para esse ano deve ser “um pouco menos apertado” que o de 2020. Para o Oriente Médio, ele disse que entre 2% e 3% do total exportado pelo Brasil vai para a região, e que os principais mercados são Irã, Arábia Saudita e Israel. “Já exportamos para os Emirados, mas um volume pequeno. Eu não apostaria em uma queda significativa dos preços”, declarou. A Conab é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O economista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), Mauro Ozaki, deu o panorama da produção agrícola no Brasil. Ele informou que o País é o quinto maior do mundo e o terceiro maior exportador agrícola, que existem diferentes biomas e que 66% da vegetação nativa está preservada. A produção agrícola ocupa apenas 9% das terras brasileiras e plantações de milho e soja ocupam mais da metade dessas terras agrícolas.

“Aumento do preço da soja afeta diretamente o consumidor interno em diversos produtos, como óleo de soja, leite, margarina, frango, ovos, material de limpeza e carne bovina”, disse Ozaki. Com o milho, acontece a mesma coisa. “Se o preço dessas comodities aumenta devido a um choque de demanda do mercado internacional, acabamos afetando os preços no mercado diretamente ao consumidor, principalmente o de baixa renda”, ele disse.

A coordenadora da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Camila Sande, afirmou que a entidade está disponível para ajudar as empresas a exportar e lidar melhor com o mercado internacional.

O subsecretário do Ministério da Economia do Comércio Exterior e Indústria dos Emirados Árabes Unidos, Abdulla Al Saleh, mediou a reunião. Para ele, é importante garantir que os países trabalhem para remover intermediários. “Se conseguirmos incentivar os dois lados a se comunicar diretamente, podemos aprimorar a possibilidade de colaboração”, disse.

Participaram da reunião o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e o secretário geral, Tamer Mansour, e o chefe do escritório internacional da entidade em Dubai, Rafael Solimeo, que colocaram a entidade à disposição para ajudar nas questões do comércio do Brasil com os Emirados.

Como ouvintes, estiveram presentes do lado brasileiro o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin; o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), Antonio Camardelli; o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Marcos Gomes de Amorim, e seu diretor-executivo, Sérgio Mendes; e o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.

Entre os representantes dos Emirados Árabes estavam o diretor do departamento de Concorrência e Defesa do Consumidor do Ministério da Economia, Marwan Al-Sabusi; o presidente do conselho administrativo da Emirates National Food, Abdulla Sultan Al-Ouis; o chefe do escritório de Segurança Alimentar, Essa Hashimi; o CEO da Al Rawabi Dairy, Ahmed El Tigani; o chefe de vendas de varejo da Marmum, Ajith Shekaran; o diretor geral da Marmum, Jeremiah Henchy; o diretor de vendas da Marmum, Alan Thorpe; e o CEO da Al Ain Dairy, David Kirwan.

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