Estudo analisa os principais vetores econômicos das cadeias agrícola e pecuária no Rio Grande do Sul e no Brasil

Reconhecida por sua atuação em fusões e aquisições e em consultoria estratégico-financeira para grandes corporações, a Bateleur apresenta ao mercado, durante a 48ª Expointer, o relatório “A resiliência do agronegócio – Brasil e RS”. O estudo oferece uma análise aprofundada do ambiente econômico atual e projeta os cenários de médio e longo prazo para as cadeias agrícola e pecuária no estado e no país, com destaque para os fatores estruturais que impactam a competitividade e a sustentabilidade do setor.

Segundo o sócio da Bateleur responsável pelo estudo, Caio Debiasi, a agricultura enfrenta um contexto de mercado negativo, marcado pela continuidade do ciclo de baixa nos preços dos grãos, custos de produção elevados e juros altos. No caso do Rio Grande do sul, esse cenário é agravado pela recorrência de eventos climáticos extremos, com estiagens recorrentes e enchentes severas, que ocasionaram uma sequência de quebras de safra nos últimos anos. “Esse contexto restringe investimentos, pressiona o caixa e amplia o endividamento, especialmente em propriedades de menor porte, que já operam sob condições mais frágeis de capitalização”, observa.

A pecuária, por sua vez, conseguiu expandir sua rentabilidade nos últimos anos em virtude do aumento dos preços e da redução dos custos de produção, mesmo impactada pela enchente de grandes proporções registrada no ano passado, no que tange ao Rio Grande do Sul. “Apesar das adversidades conjunturais, o horizonte de longo prazo permanece promissor para o agronegócio brasileiro. A demanda global por alimentos continuará em expansão, impulsionada pelo crescimento populacional e pela elevação da renda em mercados emergentes. Além disso, a transição energética abre espaço para biossoluções, como biocombustíveis e bioenergia, áreas nas quais o Brasil já ocupa posição de destaque”, complementa Debiasi.

Gargalos estruturais limitam a competitividade

O relatório da Bateleur identifica que os gargalos estruturais ainda representam os principais limitadores da competitividade do agronegócio brasileiro. A irrigação, por exemplo, cobre apenas 1,4 milhão de hectares do Rio Grande do Sul, deixando uma parcela expressiva da produção exposta a riscos climáticos em um cenário de quatro quebras de safra vinculadas a estiagens nos últimos seis anos.

A deficiência em armazenagem também figura como ponto crítico. Com uma safra nacional projetada próxima de 350 milhões de toneladas em 2025, a capacidade estática de estocagem gira em torno de apenas 213 milhões de toneladas, o que força produtores a comercializar sua produção em momentos de preços comprimidos, gerando uma redução nas margens.

A logística completa o quadro. Atualmente, mais de 50% do escoamento depende do modal rodoviário, cujo custo elevado impacta a rentabilidade e aumenta perdas. “Para ilustrar, em 2024, o transporte de soja do Mato Grosso até Xangai, via Porto de Santos, custou cerca de US$ 116 por tonelada, sendo 73% desse valor concentrado no transporte interno rodoviário — uma ineficiência que compromete a competitividade frente a outros players globais”, destaca Debiasi.

Urgência em investimentos estruturantes

Superar esses entraves exige investimentos robustos em infraestrutura e modernização tecnológica. No entanto, a conjuntura macroeconômica atual não é favorável. A taxa Selic, que alcançou 15% ao ano em 2025, encarece projetos de longo prazo, como irrigação, armazenagem e logística integrada.

No caso do Rio Grande do Sul, as dificuldades são ainda mais acentuadas. Predominantemente formado por pequenos e médios produtores — 84% das propriedades têm menos de 50 hectares —, o estado enfrenta restrições de crédito mais severas. Além disso, barreiras regulatórias e burocráticas dificultam a implementação de soluções estruturais que poderiam mitigar riscos e elevar a competitividade.

“Sem avanços concretos nessas frentes, o Brasil, e em especial o Rio Grande do Sul, correm o risco de perder relevância em um mercado global cada vez mais exigente e competitivo”, alerta Debiasi.

Perspectiva de transformação

Apesar dos desafios, o relatório da Bateleur ressalta que os gargalos também podem se transformar em oportunidades de ganho de eficiência e resiliência, desde que enfrentados com políticas públicas consistentes, acesso ampliado a crédito de longo prazo e maior integração entre capital privado e agendas estratégicas.

“Se bem conduzido, esse movimento pode reposicionar o agronegócio brasileiro em patamares superiores de competitividade global, consolidando sua importância não apenas como fornecedor de alimentos, mas também como protagonista da transição para uma economia mais sustentável e inovadora, o que traz grandes oportunidades ao Rio Grande do Sul”, conclui o sócio da Bateleur.

 

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