Por conta da rara valorização (de quase 44%) obtida de janeiro para fevereiro, no segundo mês de 2022 os preços do ovo voltaram a apresentar, em relação ao frango vivo, quase a mesma paridade observada por ocasião da implantação do Real, em meados de 1994.
E como o ovo atingiu o maior valor nominal de sua moderna história, a impressão que ficou foi a de que – graças aos preços registrados – o setor produtivo equacionou todos os problemas de custo que vêm se acumulando há mais de ano.
Não é bem assim. Pois ainda que tenha alcançado em fevereiro preço 586% superior ao do início de vigência do Real, o ovo continua 440 pontos percentuais abaixo da inflação (aqui calculada pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas) e, o que é pior, a menos da metade da variação registrada por sua principal matéria-prima, o milho (1.225%).
E o que teria acontecido se, como seria natural, o ovo tivesse acompanhado de perto a evolução de preço do milho? Teria sido comercializado, em fevereiro, por algo em torno dos R$217,00/caixa. No entanto, ficou a pouco mais de 60% desse valor.
Um pouco melhor, mas nem tanto, continua sendo a situação do frango vivo. Que, em fevereiro, enfrentou a quarta queda mensal consecutiva de preço e retrocedeu a valores próximos dos alcançados em abril do ano passado.
Dessa forma, embora tenha ficado 130 pontos percentuais acima do ovo, o preço do frango vivo continua distante da inflação (diferença de 310 pontos percentuais) e, principalmente, da matéria-prima básica, o milho (diferença de 508 pontos percentuais).
Se – como foi demonstrado com o ovo – ave viva e milho mantivessem a mesma paridade de 1994, em fevereiro passado o frango vivo teria sido comercializado por, pelo menos, R$6,75/kg. Alcançou pouco mais de 72% desse valor.