Fundada em 2016 no Paraná, empresa aplica Internet das Coisas (IoT) em granjas e frigoríficos.
A KPTL, gestora com foco em tecnologia e inovação que tem uma carteira de R$ 1 bilhão, com 53 investidas, anunciou um aporte na Agrisolus, agtech fundada em 2016 no Paraná e que aplica Internet das Coisas (IoT) em granjas e frigoríficos. Com o novo desembolso, a KPTL passa a ter dez startups do agronegócio em seu portfólio.
Desde 2008, a gestora alocou mais de R$ 50 milhões em, agora, 18 empresas do setor agropecuário. A meta é injetar mais R$ 200 milhões nos próximos anos. O investimento na Agrisolus, de valor não revelado, foi financiado pelo Fundo Agro da KPTL, que segue em captação e já conta com investidores como a Tridon Participações, family office do Grupo Jacto.
Sediada em Campo Mourão (PR), a Agrisolus detém um sistema que dialoga com sensores instalados no campo. Esses sensores medem desde o consumo de ração e água dos animais até a umidade na fazenda e a presença de CO2 no ar. Transmitidas do campo para o software, essas informações podem ser acessadas pelo produtor e pela indústria em tempo real. Além de compilar os dados, o sistema calcula indicadores-chave e projeta cenários futuros.
“Começamos essa relação pela avicultura, mas não será a única vertical de negócios na qual iremos atuar”, diz Anderson Nascimento, CEO da Agrisolus, que mira também a suinocultura e piscicultura.
No ramo avícola, a empresa atende 200 aviários, e entre seus clientes estão a GT Foods, quarta maior empresa brasileira de avicultura de corte, e a Mantiqueira, uma das líderes na produção de ovos na América do Sul, com 11,5 milhões de galinhas e unidades em Minas, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
Cesar Assmann, diretor de operações da GT Foods, diz que o sistema ajudou a companhia a agir de forma mais proativa, na medida em que passou a detectar mudanças no comportamento das aves. O mapeamento das informações relativas ao ambiente e ao manejo, por outro lado, colaboraram para aumentar a performance técnica, corrigir desvios e reduzir o custo da operação.
Na prática, o modelo matemático embutido no sistema pode antecipar até o surto de uma doença entre os frangos. “Uma hora o granjeiro vai descobrir a doença, mas com a tecnologia o produtor pode deixar de perder cerca de 60% daquele lote. Em 85% dos casos, conseguimos identificar a doença antes de ela se alastrar pela granja”, explica Nascimento. A falta de previsibilidade de peso é outro problema que a inteligência artificial pode resolver.
Para a indústria, Nascimento lembra que um dos principais desafios hoje são as visitas periódicas às granjas que ficam mais distantes, a fim de acompanhar a produção. Necessidade que a Agrisolus reduz ou elimina, uma vez que o sistema pode monitorar toda a operação. “Podemos dividir a avicultura em cinco etapas de produção, e a Agrisolus atua em todas”, diz – referindo-se ao desenvolvimento de novas linhagens via galinhas avós, ao elo das matrizes que realizam a postura de ovos, ao incubatório de pintinhos e ao aviário onde ficam os frangos de corte.
No modelo de negócios da empresa, cabe à indústria avaliar se divide o custo com o produtor ou se paga sozinha a mensalidade para uso de equipamentos e sistema.