A Global Eggs, do brasileiro Ricardo Faria, fez uma nova aquisição no continente europeu. Em conversa com o Valor, o empresário revelou que comprou a El Granjero, uma granja familiar com pelo menos três unidades de produção na região de Cuéllar, com duas plantas na província de Segóvia e outra em Valladolid. O negócio foi fechado na semana passada e o valor da operação não foi revelado.
Essa é a segunda aquisição recente da Global Eggs na Espanha — em maio deste ano, Faria anunciou a compra da Legaria — e acrescenta 1 milhão de galinhas poedeiras ao grupo. Com isso, o conglomerado soma agora 43 milhões de aves no mundo, com 93 granjas ao todo.
“É um negócio familiar com faturamento de 70 milhões, administrado por dois irmãos. O filho de um deles não queria assumir, então decidiram vender”, disse o empresário sobre a mais recente aquisição.
A nova compra reforça a presença da Global Eggs no continente europeu, responsável por 30% dos negócios da holding fundada pelo brasileiro e que, apesar dos movimentos recentes na Europa, tem maior parte de sua receita gerada na América do Norte. Só os Estados Unidos respondem por 60% dos resultados do conglomerado e o Brasil, por 10%.
O passo decisivo do grupo foi a compra da Hillandale Farms, uma das maiores produtoras de ovos dos Estados Unidos, concretizada em abril de 2025.
Questionado sobre o que tem sustentado os investimentos contínuos no segmento, Faria afirmou que a aposta no ovo é de longo prazo e vem de uma mudança cultural e de percepção do produto. “Lá atrás, percebemos que as pessoas queriam ficar mais bonitas, viver mais e comer melhor. O ovo deixou de ser o vilão do colesterol e, principalmente, um produto consumido só por pessoas de baixa renda”, disse.
Na tese do empresário constam ainda os dados de crescimento global do segmento, de 3% em média ao ano, com o consumo per capita aumentando em diversas regiões do mundo, impulsionado por tendências de alimentação saudável e mudanças no perfil do consumidor. “Nosso plano era produzir 13 bilhões de ovos até 2028 e vamos atingir o número este ano”.
A expansão da Global Eggs acontece em meio a uma crise de abastecimento de ovos nos Estados Unidos, provocada pela gripe aviária de alta patogenicidade. A doença se espalhou rapidamente e é considerada uma das maiores da história, fazendo os americanos buscarem o produto em outros países, incluindo o Brasil. Mas, com o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, as vendas devem ficar comprometidas.
“Vínhamos exportando muito para os Estados Unidos. O nosso negócio no Brasil perde muito com isso [sobretaxa], mas não a Global Eggs”, afirmou.
Ainda de acordo com Faria, o vírus da gripe aviária sofre muitas mutações e sua presença é uma realidade em solo americano. Não há previsão para o fim dessa crise sanitária e de abastecimento do mercado americano, disse.