Foi anunciado na última semana que a Nestlé Brasil é o mais recente membro da Colaboração Brasileira de Bem-estar Animal (COBEA), iniciativa de cooperação pré-competitiva inédita no sul global, criada em 2024 pela startup certificadora Produtor do Bem com o propósito de promover bem-estar animal no Brasil. A multinacional suíça se junta a outros sete importantes atores da cadeia de proteína animal brasileira – Grupo IMC (International Meal Company), Special Dog Company, Minerva Foods, JBS Brasil, Planalto Ovos, Mantiqueira Brasil e Danone Brasil – que já fazem parte da associação.
“Estamos felizes com a adesão da Nestlé e seu comprometimento em promover o bem-estar animal por meio da COBEA. Eles entendem que os avanços necessários exigem uma abordagem que envolva e participe de toda a cadeia de suprimentos”, afirma diretora-executiva da Colaboração, Elisa Tjarnstrom.
Além do setor alimentício, a COBEA está aberta à adesão de representantes do setor de pet food, pelos benefícios de uma maior colaboração entre os dois setores. Segundo Elisa, o objetivo do grupo é trabalhar estrategicamente com empresas investidas na temática para definir uma direção comum e superar em conjunto as barreiras ao progresso.
Elisa Tjarnstrom explica que a COBEA está vendo que cada vez mais empresas querem fazer melhorias nos sistemas de produção e nos produtos que oferecem, mas que se sentem limitadas e não conseguem avançar tão rapidamente por vários motivos. “Para aumentar tanto a oferta quanto a demanda de produtos de proteína animal produzidos com um bom nível de bem-estar, é necessário um melhor diálogo e colaboração em toda a cadeia de valor. Por exemplo, o alinhamento de ambições e prioridades, compartilhamento de recursos e esforços conjuntos para divulgar o valor do bem-estar animal. Todos têm um papel a desempenhar, mas nenhuma empresa é capaz de superar todos os obstáculos para melhorar as práticas de produção”, afirma.
Ela aponta que a COBEA representa uma resposta a uma solicitação das próprias empresas. “Ficou cada vez mais claro que elas precisam de suporte e soluções conjuntas para poderem avançar nessa questão, e as pessoas por trás da COBEA ouviram essas solicitações e estão tentando criar uma forma colaborativa de trabalhar que facilitará esses avanços”, diz.
Os maiores entraves e maiores avanços
Criar um grupo colaborativo com grandes empresas é um grande avanço por si só, conta Elisa Tjarnstrom. Agora, segundo ela, a COBEA trabalhará para criar sua posição e abordagem comuns e definirá a melhor forma de superar as barreiras ao progresso, que são, por exemplo, relacionadas ao conhecimento e conscientização e controle de qualidade acesso à informação do campo. “Além disso, é necessário mudar a mentalidade de que o bem-estar animal é, de alguma forma, uma questão em separado, quando na verdade está claramente conectado a outras questões-chave de sustentabilidade”, detalha.
O equilíbrio entre produção, lucratividade, sustentabilidade e bem-estar animal
O bem-estar animal é essencial para a produção, lucratividade e sustentabilidade, e um negócio não pode ser lucrativo nem sustentável a longo prazo sem considerar este tema, diz Elisa Tjarnstrom. “Este tópico não é apenas uma questão ética relevante para a licença de operação de empresas, mas está intimamente ligado a oportunidades de negócios e à prevenção de perdas. Animais com bom bem-estar são mais saudáveis, vivem mais tempo e requerem menos medicamentos, o que é essencial para a segurança alimentar e a saúde pública”, aponta.
Ela destaca ainda que a COBEA quer mostrar uma visão de uma produção sustentável futura que a indústria de proteína animal em geral possa apoiar, bem como criar um plano para trabalharmos juntos para chegar lá. “Está claro que o bem-estar animal é uma questão que veio para ficar, e que as empresas que levam a sustentabilidade a sério estão agora em um processo de querer sentar juntas para definir o que está faltando atualmente e quais são os passos necessários para chegar lá”, aponta.
A diretora-executiva acredita que a Nestlé é uma adição importante para o grupo. “Tenho certeza de que trarão muita experiência e que têm um papel importante a cumprir, por exemplo, em termos de como compradores e produtores de proteína animal podem se unir para trabalhar na mesma direção”, destaca.
“Essa parceria reforça o compromisso da Nestlé com o bem-estar animal, reconhecendo seu impacto positivo na qualidade dos produtos e na sustentabilidade das cadeias produtivas. Esperamos que essa colaboração impulsione inovação, pesquisa e novos modelos que beneficiem tanto produtores quanto consumidores”, afirma a head de Agricultura Regenerativa da Nestlé Brasil, Barbara Sollero.
Aporte na Saúde Integral
A responsabilidade ética com o bem-estar animal não é apenas a base de uma produção de alimentos segura e sustentável, mas também um princípio fundamental que vai além das normas legais, sendo essencial para garantir a dignidade dos animais e o respeito ao ecossistema.
No setor agroalimentar, as diretrizes adotadas refletem desde o manejo e a alimentação até os espaços estratégicos em que os animais são criados. A garantia da sanidade avícola e pecuária impacta diretamente na excelência da produção e na qualidade do alimento que é ofertado diariamente à mesa do consumidor. Além disso, ações responsáveis reduzem o estresse dos animais, melhoram os níveis zootécnicos e contribuem para um sistema produtivo mais equilibrado.
Com o objetivo de certificar a saúde integral dos animais, o monitoramento de sinais vitais, vacinação preventiva, acompanhamento reprodutivo e o controle de doenças específicas das espécies devem ser práticas prioritárias. “No setor agroalimentar, investir em estruturas e tecnologias de ponta é essencial na obtenção do rastreio dos animais de forma completa e estimular práticas que promovam a sustentabilidade”, destaca o médico veterinário Leandro Feitosa. “Empresas que valorizam e entendem esse compromisso não apenas asseguram produtos de melhor qualidade, mas também se alinham às exigências atuais do segmento. À medida que o setor avança, o bem-estar animal se consolida como um dos pilares fundamentais da produção, impulsionando um modelo produtivo sério, responsável e eficiente para o futuro do meio ambiente e da alimentação”, explica.