A Granja Faria, maior produtora de ovos do país, acaba de investir R$ 60 milhões para transformar a antiga BL Ovos, adquirida em 2023, em um novo polo distribuidor a partir do Espírito Santo. O objetivo com o aporte, segundo o CEO da Granja Faria, Denilson Dorigoni, é “trocar uma granja que atendia o público a granel para ir buscar a excelência, que é o supermercadista”.
Com cerca de 15 aquisições nos últimos anos e faturamento de R$ 3 bilhões em 2023, a Granja Faria comprou a BL Ovos para alcançar mercados onde ainda não estava presente. “Faltava um pedaço do Brasil que a gente não atendia, que era o Espírito Santo e Bahia. Rio de Janeiro também atendíamos pouco. A BL tem uma unidade no Espírito Santo e uma em Goiás, onde também precisávamos crescer”, afirma em entrevista.
Sem revelar o valor do negócio, Dorigoni diz apenas que a compra superou os investimentos que vieram depois, de R$ 60 milhões. Segundo ele, o montante foi destinado à melhoria dos processos, à compra de novos equipamentos e ao aumento de capacidade produtiva que permitissem entregar um produto de alta qualidade com velocidade no atendimento.
“A produção de ovos, no meu ponto de vista, tem de ter proximidade do cliente para chegar com frescor. O ovo teria que ser produzido em um dia e estar no mercado no dia seguinte”, diz.
Dessa forma, a Granja Faria conseguiu um crescimento gradativo na capacidade de produção da antiga BL, que em seu ápice chegou a 25%. “Mas o grande ganho é a padronização de produto”, avalia o CEO. Segundo ele, a produção está em cerca de 44 milhões de ovos por mês nessas unidades.
“Com a vinda desses Estados, a expectativa é fazer a busca por melhores clientes que sempre é o supermercadista, porque ele demanda altíssima qualidade de produto, altíssima velocidade de entrega e grau de tecnologia”, ressalta.
O presidente do conselho de administração da Granja Faria, Ricardo Faria, acrescenta que somente Rio de Janeiro e Bahia receberão, em média, 15 milhões de ovos mensais, produzidos pelas 2 milhões de aves da antiga granja BL, cujo produto será comercializado com uma nova marca, a Iana.
Segundo o empresário, os investimentos realizados já deram retorno significativo para a companhia. Desde abril, a Iana Espírito Santo passou a ser a primeira granja do Estado a exportar ovos. Até o momento, foram mais de 50 contêineres enviados para a Tailândia com mais de 460 mil ovos.
Do ponto de vista operacional, “acrescentaremos a produção de ovos pasteurizados pela granja”, ressalta Faria sobre o próximo passo das unidades Iana.
Com a contribuição dos negócios da antiga BL, o faturamento da Granja Faria deve crescer entre 15% e 20%, considerando a atual base produtiva, estima o grupo. E não estão descartadas novas aquisições, segundo Dorigoni, o que poderia reforçar o crescimento.
“Somos uma empresa com histórico de aquisições e a todo momento buscamos novas companhias para que venhamos crescer. Não temos nada fechado, mas poderão vir novas aquisições, depende do mercado, da economia, do momento da empresa”, completa o CEO.
No ano passado, a Granja Faria adquiriu o controle das operações de ovos e fertilizantes organominerais da Katayama Alimentos. Esse foi um dos motores que levaram a Faria a projetar o faturamento de R$ 3 bilhões para 2023 que, de fato, foi alcançado. O negócio também tinha a promessa de elevar a produção, passando de 13 milhões para 16 milhões de ovos ao dia.
Granja Faria é a maior produtora de ovos do Brasil e uma das maiores empresas avícolas da América Latina. A companhia ainda é líder no segmento de galinhas criadas soltas, com 1 milhão de aves no modelo “free range” (galinhas caipiras).
Atualmente, a empresa detém pouco menos de 10% do mercado brasileiro de ovos, estimado em R$ 35 bilhões por ano.