Outro caso da doença em granja comercial é investigado.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta terça-feira (27/5) que subiu para 24 o número de destinos com as importações de carne de frango suspensas de todo o Brasil. Durante audiência no Senado Federal, ele reiterou que o impacto comercial nas exportações brasileiras não será “alarmante” e que mais de 120 mercados ao redor do mundo permanecem sem qualquer restrição à proteína nacional.
Segundo informações da equipe de Fávaro, o Kwait suspendeu as importações. O conjunto de mercados fechados representa cerca de 45% do volume de carne de frango exportado em abril de 2025. A equipe técnica do Ministério da Agricultura já teve uma reunião com autoridades do país, que sinalizaram a possibilidade de regionalização para Rio Grande do Sul ou para o raio de dez quilômetros da granja onde a doença foi encontrada.
“Temos 24 países que fecharam a compra total do Brasil, 13 que fecharam do Rio Grande do Sul e alguns do raio de dez quilômetros, de um total de mais de 160 países com quem o Brasil tem relação comercial”, disse na audiência. “Temos mais de 128 mercados completamente abertos, sem nenhuma restrição, nem ao Rio Grande do Sul. A imensa maioria dos países, ao não se manifestar contrário, já reconheceu a força do sistema brasileiro”, enfatizou.
Fávaro disse que há “impacto” comercial com as suspensões, mas que o movimento deve ser limitado. “Cerca de 70% da produção é destinada ao mercado interno e 30% para exportação. Desses 30%, 24 restringiram o país. Pelo aspecto comercial, claro que tem impacto, mas há um redirecionamento da indústria, mas não é nada alarmante, nada que possa gerar grande impacto”, afirmou.
O ministro disse que há encaminhamentos com a Coreia do Sul para que a restrição, atualmente aplicada a todo o Brasil, fique concentrada no Rio Grande do Sul. Ele disse que o momento é de respeitar os protocolos e prazos definidos para as suspensões, e que a redução dos embargos são de livre iniciativa dos países compradores. O ministro ressaltou que alguns importadores já começaram a diminuir as restrições, como a Rússia.
“Outros já estão nos avisando que vão fazer a antecipação da restrição”, disse Fávaro. “A partir dos 28 dias [de vazio sanitário, sem novos casos], aí sim eu posso cobrar a restrição menor, prestar todas as informações e continuar discutindo a modernização do protocolo”, apontou.
Segundo o ministro, com “a transparência e a efetividade do sistema brasileiro” o Brasil vai ganhar mais confiança do mercado consumidor e conseguir revisar os protocolos ao fim dessa crise.
Fávaro afirmou que é preciso “ter paciência” e respeitar os prazos previstos nos protocolos firmados com países como a China e os membros da União Europeia para reverter os embargos à carne de frango brasileira.
“Nós temos que ter paciência. Nós temos um protocolo, um acordo formalizado. E eu não devo buscar essa antecipação [da redução das restrições] nesse momento. O que eu devo fazer é dar total transparência e segurança dos procedimentos para que eles possam, neste caso, até o 28º dia, se quiserem, voluntariamente antecipar”, afirmou a jornalistas.
Nova suspeita
Durante a audiência, o ministro disse que uma nova suspeita de gripe aviária em granja comercial está em investigação atualmente. O caso é em Anta Gorda (RS), mesmo município onde ocorreu o episódio da doença de Newcastle em julho de 2024. A cidade fica a 135 quilômetros de Montenegro, onde o primeiro foco em plantel comercial foi confirmado, em 15 de maio.
Fávaro reiterou que as medidas adotadas em Montenegro (RS) permitem dizer que o caso já está encerrado e que a Pasta espera não ter a confirmação de novos focos nos próximos 22 dias, quando completará o período de 28 dias de vazio sanitário, para declarar o país livre da gripe aviária novamente.
“A expectativa é que ao fim dos próximos 22 dias possamos de novo divulgar o Brasil livre de gripe aviária e aí sim avançar com a repactuação do protocolo sanitário com todos os países que restringiram as compras”, disse Fávaro. “Uma das missões é repactuar esses protocolos”, completou. Fávaro repetiu que a “crise sanitária deve ser enfrentada com total transparência” e que o país “subiu a régua do sistema de alertas”, motivo pelo qual há notificação de mais investigações em curso. “Isso não é motivo de preocupação, é assim que deve ser”, disse.
Novos casos
Fávaro explicou que o caso de gripe aviária de alta patogenicidade detectado em Mateus Leme (MG) foi em ave silvestre e que isso não impacta o comércio brasileiro. Segundo ele, as investigações mostram que não houve mutação do vírus e que aves migratórias que sobrevoam o país estão proliferando a doença em outras regiões.
“É uma ave silvestre, assim como outras 168 aves silvestres que já foram detectadas positivas aqui no Brasil nesses dois anos. É a comprovação que é o mesmo vírus, não houve mutação. Então, o que nos demonstra é que são aves migratórias que estão passando sobre o território brasileiro, algumas contaminadas, que estão dando essa proliferação”, disse.
“É mais uma das provas que o sistema brasileiro é robusto, é eficiente, rápido, mas que este caso confirmado não causa nenhuma restrição nem ao consumidor como todos os outros, e muito menos ao mercado”, completou.