O México registrou o primeiro caso da gripe aviária provocada pela variante H5N1, confirmou a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A cepa altamente infecciosa foi detectada em uma ave silvestre no município de Metepec, no Estado do México, em uma área que é rota tradicional de aves migratórias. O vírus tem provocado surtos na América do Norte e na Europa, e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) alerta sobre o risco para países da América do Sul, como o Brasil.
O vírus da gripe aviária não é apenas um risco apenas para as aves, mas também para os humanos, uma vez que eles podem ser contaminados pelos animais e disseminar o microrganismo de pessoa para pessoa. O contato com as aves é a principal forma de transmissão, e a doença produz sintomas semelhantes aos do resfriado comum: tosse, febre, dor de garganta e dor de cabeça, dores musculares e falta de ar.
A Espanha, por exemplo, registrou o primeiro caso de H5N1 em humanos num funcionário de uma exploração avícola no último mês. É o segundo caso confirmado em pessoas na Europa, depois de uma infecção ter sido identificada no Reino Unido no final do ano passado. Já os Estados Unidos teve o primeiro diagnóstico em humanos em abril deste ano.
As transmissões de animais para pessoas, e de humanos para humanos, são consideradas raras, mas o crescimento de infecções em fazendas acende um alerta. Apenas na Europa, há casos em 37 países e, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC), o surto atual é o maior do subtipo H5N1 já registrado no continente.
A mortalidade de aves infectadas atinge cerca de 60% e causa estragos econômicos no setor, já que grande parte dos animais em locais onde o vírus é detectado precisa ser abatida para evitar a disseminação. O assunto preocupa os especialistas, porque a propagação do vírus não diminuiu durante o verão do Hemisfério Norte, entre junho e setembro.
O cenário levou a FAO a emitir um alerta, em setembro, para que países da América Central e do Sul estejam atentos devido ao início da temporada de migração das aves. Segundo a organização, as nações devem estar “em alerta máximo para mortalidade de aves silvestres e surtos ou mortalidade incomum em aves”, destacando a rápida disseminação do vírus na América do Norte.
“Dado o início da próxima migração de outono de muitas espécies de aves da América do Norte para a América Central e do Sul, o risco de introduções de HPAI (gripe aviária altamente patogênica, em inglês, sigla utilizada para o H5N1) aumenta em áreas atualmente não afetadas. É importante que os países e territórios das regiões da América Central e do Sul preparem e fortaleçam suas medidas de detecção precoce, diagnóstico adequado e resposta precoce, tanto em aves silvestres quanto em aves de capoeira (de criação)”.
O comunicado destaca ainda que, desde 2020, há uma onda intercontinental sem precedentes do H5N1, já atingindo mais de 70 países. Durante esse período, 18 deles relataram a presença do vírus pela primeira vez. Além dos impactos econômicos no abate de animais, a propagação do microrganismo facilita a sua evolução e os riscos de uma possível mutação que permita uma mais fácil transmissão a humanos.