Na última segunda-feira (21), ao atualizar o quadro de casos de IAAP no País, o AviSite observou que, agora, o perigo mora ao lado. Pois é improvável existir neste País uma granja comercial – de corte, de postura ou de reprodução – que não tenha ao seu redor alguma criação avícola, seja de galinha ou de outras espécies avícolas domésticas.
Dizer que o perigo mora ao lado não é força de expressão, mas pura realidade. Para comprovar, basta observar (tabela abaixo) o estágio atual do número de casos de IAAP e compará-los com aqueles registrados há exatamente um ano (e que, por sinal, refletiam o total de focos acumulados nos quase 14 meses anteriores). À tabela, pois:
Embora o total seja agora quase 40% maior que há um ano, o número de casos suspeitos acumulados nos últimos 12 meses é bem menor, pois caiu de uma média de 226 casos mensais entre 2023 e 2024 para pouco mais de 100 casos mensais de julho do ano passado para cá.
Isso se aplica, na mesma medida, às investigações que exigiram a coleta de amostras. Comparativamente, nos últimos 12 meses, os casos suspeitos e aqueles com coleta de amostras recuaram mais de 50%.
À primeira vista, também os casos confirmado de IAAP no País recuaram drasticamente, pois foram apenas 18 os novos registros, enquanto em quase idêntico período anterior somaram 166 (daí o total atual de 184 casos). O detalhe é que esses 18 novos casos (aí incluso o que atingiu a avicultura comercial) ocorreram nos últimos 70 dias.
O mal maior, porém, está concentrado no tipo de animal afetado pelo vírus da IAAP. O número de aves silvestres aumentou apenas 6,33%, enquanto o de mamíferos aquáticos permaneceu inalterado, não se registrando novos casos nos últimos 12 meses. Já as ocorrências envolvendo aves de subsistência aumentaram mais de 200%.
É verdade que no acumulado atual – 10 casos – está inclusa a ocorrência envolvendo galinhas-d’angola do zoológico do Rio de Janeiro (que não se encaixam nos padrões especificados pelo SVO: aves de subsistência ou avicultura comercial). Mas isso não diminui a constatação de que aumentou dramaticamente o número de registros do gênero.
Pior ainda, no entanto, é que os casos envolvendo aves de subsistência agora se distribuem por quatro das cinco Regiões brasileiras – Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Ou seja: só o Norte permanece ileso. Mas por quanto tempo?
Enfim, não há como deixar de concluir que mesmo todo o máximo cuidado continua sendo pouco.