Na prática, houve um alinhamento dos ânimos na cadeia produtiva. As indústrias, que haviam fechado os dois trimestres anteriores com a confiança em queda devido à deterioração das perspectivas econômicas, retomaram o entusiasmo. Isso reflete, entre outros aspectos, as sucessivas revisões positivas para o crescimento do PIB brasileiro em 2021, que passaram de 3,17% no início de abril para 5,05% no fim de junho, segundo o Boletim Focus. O recuo da taxa de câmbio no trimestre também melhorou a situação das empresas com custos em dólar, como é o caso de diversos segmentos de insumos agropecuários.
O índice dos produtores agropecuários recuou um pouco, mas ainda se mantém em níveis elevados. Segundo a metodologia do estudo, os resultados demonstram otimismo quando são superiores a 100 pontos, e pessimismo quando ficam abaixo dessa marca.
Índice de Confiança das Indústrias (Antes e Depois da Porteira): 118,5 pontos, alta de 7,8 pontos.
O aumento de 7,8 pontos no índice de confiança das indústrias inseridas nas cadeias agropecuárias foi influenciado pela melhora nas avaliações sobre a economia, e principalmente no que diz respeito às condições atuais – houve ganho de confiança também nas expectativas para o futuro próximo, mas num nível menor. Isso vale tanto para as empresas situadas no chamado pré-porteira (indústrias de insumos agropecuários) quanto nas que se encontram no pós-porteira (como as que compõem os setores de alimentos e de logística).
Indústria Antes da Porteira (Insumos Agropecuários): 117,1 pontos, alta de 9,2 pontos.
Dentre todos os segmentos pesquisados, as indústrias situadas Antes da Porteira foram as que apresentaram o maior aumento de confiança: 9,2 pontos, chegando a 117,1 pontos. Um dos aspectos que mais contribuíram para o resultado foi o aquecimento na comercialização de insumos agrícolas, cujas vendas para a próxima temporada 21/22 fecharam o segundo trimestre deste ano antecipadas em relação ao mesmo período dos anos anteriores. Isso vale tanto para a safra de verão quanto para a safrinha. A comercialização antecipada ameniza também o impacto das recentes altas nos preços de fertilizantes e defensivos.
Indústria Depois da Porteira: 119,1 pontos, alta de 7,2 pontos.
O índice de confiança das indústrias situadas Depois da Porteira, que havia sido o de maior queda no trimestre anterior, apresentou forte recuperação. De fato, reverteram-se boa parte das tendências que minavam o entusiasmo de setores importantes como o de alimentos. Os preços de grãos recuaram, minimizando a pressão sobre os custos dos frigoríficos. As exportações continuaram aquecidas – em abril, maio e junho, os embarques de carnes chegaram a 9,4 milhões de toneladas, 400 mil toneladas a mais do que no mesmo período do ano passado. A receita com as exportações do agronegócio como um todo chegaram a US$ 38,3 bilhões no segundo trimestre de 2021, valor 28% maior que os US$ 29,9 bilhões registrados em idêntico período de 2020. Além disso, a melhora nas perspectivas para a economia brasileira atenuou os temores relacionados ao comportamento do consumo doméstico.
Há no entanto um aspecto importante a considerar para o próximo trimestre: a quebra da segunda safra de milho vai reduzir os volumes de exportação, com impacto negativo para empresas de logística e tradings.
Índice do Produtor Agropecuário: 121,7 pontos, queda de 5,0 pontos.
O Índice de Confiança do Produtor Agropecuário fechou o 2º trimestre do ano em 121,7 pontos. Trata-se de uma queda de 5,0 pontos em relação ao levantamento anterior, puxada principalmente pelos agricultores. Apesar disso, agricultores e pecuaristas continuam apresentando os indicadores mais otimistas dentre todos os segmentos pesquisados. É importante notar que a avaliação dos produtores em relação à economia brasileira se manteve praticamente estável, diferentemente do que aconteceu entre as indústrias, para as quais houve uma significativa melhora na percepção.
A cada trimestre o levantamento do Índice de Confiança do Agronegócio questiona os produtores sobre os principais problemas de seu negócio. O clima continuou sendo o aspecto mais importante, citado por 56,1% dos entrevistados e mantendo a posição do trimestre anterior. O principal destaque, porém, foi o crescimento da alta incidência de pragas e doenças, que passou de 12,9% para 20,3% das citações, subindo da 5ª para a 2ª posição e ocupando o lugar do ranking que anteriormente cabia ao aumento do custo de produção, agora o terceiro problema da lista: caindo de 24,3% para 19,3%, apesar da alta dos insumos no trimestre.
Índice do Produtor Agrícola: 121,4 pontos, queda de 6,5 pontos.
O índice de confiança dos agricultores foi o que mais caiu neste levantamento. O resultado reflete alguns aspectos que ocorreram no trimestre. Para começar, a estiagem que se prolongou de março a meados de maio prejudicou a produtividade das lavouras de milho 2ª safra, contribuindo para uma quebra superior a 20% das estimativas iniciais. A avaliação dos produtores não reflete ainda os danos causados pela geada do fim de junho, que ocorreu após o período de sondagem. Os preços dos grãos, em patamares elevadíssimos no início do ano, recuaram, acompanhando a queda da taxa de câmbio. Além disso, a continuidade da alta dos juros encareceu o financiamento agrícola – não só para as linhas oficiais do Plano Safra, mas especialmente nas linhas de crédito concedidas pelas instituições privadas a taxas livres. Por fim, os preços dos insumos também subiram de modo expressivo no trimestre, diminuindo a atratividade das relações de troca para os produtores e reduzindo as perspectivas de rentabilidade para a próxima safra – é importante destacar que a avaliação dos custos de produção permanece em patamar historicamente muito baixo.
Índice do Produtor Pecuário: 122,5 pontos, queda de 0,4 ponto.
O nível de entusiasmo dos pecuaristas se manteve praticamente estável: do 1º para o 2º trimestre do ano, a queda foi de apenas 0,4 ponto, fechando em 122,5 pontos – isoladamente, é o resultado mais alto deste levantamento. Assim como no caso dos agricultores, houve piora nas avaliações relacionadas aos preços dos produtos e ao crédito. A percepção sobre os custos de produção também é uma das piores da história – mas o recuo dos preços dos grãos é um fator positivo para esse grupo.
Fonte: FIESP/CropLife
Autor: Assessoria de Imprensa