A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,26% em julho de 2025, ficando 0,02 p.p. acima da taxa registrada em junho (0,24%). Em julho de 2024, o índice teve alta de 0,38%.
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses ficou em 5,23%, abaixo dos 5,35% dos 12 meses imediatamente anteriores, porém acima do teto da meta para 2025, de 4,5%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,26% em julho de 2025, ficando 0,02 p.p. acima do registrado no mês de junho, quando apresentou alta de 0,24%. Como base de comparação, em julho de 2024 o índice havia apresentado aumento de 0,38%. Quando observado a média histórica para o mês, julho de 2025 ficou acima do resultado dos últimos cinco anos (0,23%).
O grupo de Alimentação e Bebidas registrou queda de 0,27% de junho para julho, assim como os grupos Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). A contribuição do grupo de Alimentação e Bebidas para o IPCA do mês de julho foi de -0,06 pontos percentuais (p.p.). O subgrupo Alimentação no Domicílio recuou 0,69%, dando continuidade ao recuo observado em junho, quando o grupo apresentou uma queda de 0,43%. Contribuíram para esse resultado a queda nos preços da batata-inglesa (-20,27%), da cebola (-13,26%), da manga (-11,08%), do arroz (-2,89%) e das carnes (-0,30%). No lado das altas, destacam-se o pimentão (14,33%), o mamão (12,40%), o leite em pó (0,47%), o óleo de soja (0,46%) e o pão francês (0,22%). A Alimentação fora do Domicílio, por sua vez, reportou alta de 0,87%. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, o índice geral registrou aumento de 5,23%, com o grupo Alimentação e Bebidas apresentando alta de 7,44% e Alimentação no Domicílio de 7,11%.
Os demais grupos registraram alta de junho para julho, com destaque para Habitação que, assim como no mês anterior, reportou as maiores variação e impacto sobre o IPCA de julho, com alta de 0,91% e 0,14 p.p. de impacto. O resultado é justificado pela vigência da bandeira tarifária vermelha, patamar 1, no mês de julho, que adiciona R$4,46 à conta de luz a cada 100 KWh consumidos. Com isso, a energia elétrica residencial (3,04%) foi o subitem com o maior impacto individual no índice geral (0,12 p.p.).
O grupo de Despesas Pessoais foi o segundo grupo de maior impacto no IPCA do mês, igual a 0,08 p.p., com variação de 0,76%, seguido do grupo de Transporte, o qual apresentou alta de 0,35% e impacto de 0,07 p.p. no índice do mês de julho em função do aumento dos preços das passagens aéreas (19,92%). Destaca-se, por outro lado, que os preços dos combustíveis seguiram recuando no mês de julho (-0,64%), com quedas nos preços do etanol (-1,68%), do óleo diesel (-0,59%), da gasolina (-0,51%) e do gás veicular (-0,14%).
O que muda para o produtor?
O IPCA segue acelerando, e as expectativas de mercado indicam que a inflação deverá permanecer acima da meta neste e nos próximos anos. Diante disso, o Copom decidiu, em sua última reunião (30/07), manter a taxa básica de juros (Selic) em 15,00% ao ano. A Ata do Comitê apontou que a decisão foi motivada pela percepção de riscos e incertezas, destacando a fragilidade das contas públicas e os potenciais efeitos da política tarifária norte-americana sobre o Brasil. O documento registra ainda que o mercado de crédito apresenta uma moderação mais acentuada, com redução nas concessões de crédito livre, elevação das taxas de juros e aumento da inadimplência. Esse cenário, impacta negativamente o financiamento rural, com aumento de encargos financeiros e de exigibilidades para o acesso ao crédito.
Para fins de comparação, faz-se uma análise do índice de preços internacionais de produtos alimentícios calculado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Índice de Preços de Alimentos da FAO – IPFA, referente ao mês de julho, com abrangência das categorias de cereais, óleos vegetais, carnes, laticínios e açúcar. O IPFA atingiu média de 130,1 pontos em julho, representando um aumento de 1,6% em relação ao mês anterior (128,0), pressionado pelo aumento do preço das carnes e dos óleos vegetais no mercado global, contrastando com o comportamento observado no IPCA, particularmente para carnes. Já os preços dos cereais, laticínios e açúcar seguiram tendência de queda no mercado global.
O preço global das carnes atingiu um novo pico em julho, alcançando 127,3 pontos, uma alta de 1,5 pontos (1,2%) em relação a junho e 7,3 pontos (6,0%) em relação ao seu valor em julho de 2024 (120,0 pontos). Esse aumento refletiu as cotações mais altas da carne bovina na Austrália, sustentadas pela forte demanda de importação, particularmente da China e dos EUA, que superaram as ofertas de exportação disponíveis. O preço das carnes de aves também subiu ligeiramente no mercado global, impulsionado pelos maiores preços das exportações brasileiras, após a recuperação de seu status livre de influenza aviária de alta patogenicidade em meados de junho. Já para óleos vegetais, o aumento dos preços foi motivado pelas maiores cotações dos óleos de palma, soja e girassol. Para o óleo de soja, destaca-se as perspectivas de firme demanda por matéria-prima do setor de biocombustíveis nas Américas.
A queda nos preços de cereais resultou da abundância de suprimentos sazonais, particularmente em relação ao trigo de inverno no hemisfério norte. Já em relação ao grupo de laticínios, a ampla oferta de exportação da Oceania e demanda de importação moderada, particularmente da China e de outros mercados asiáticos, pressionaram para baixo os preços internacionais do leite em pó e da manteiga. Por fim, o preço internacional do açúcar seguiu em queda como reflexo das expectativas de maiores produções na Índia e na Tailândia, aliadas às condições climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras do sul do Brasil.