Os preços da soja registraram novas baixas no mercado brasileiro ontem, terça-feira (15). A combinação de baixas em Chicago e do dólar frente ao real, novamente, pesou sobre os indicativos e a semana segue sendo de poucos negócios aqui no Brasil. “Os preços da soja perderam de R$ 8,00 a R$ 15,00 por saca em algumas semanas, são poucos negócios rodando”, relata o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira.
Entre as principais praças de comercialização, as baixas variaram entre 0,61% – em Castro, no Paraná, onde o preço terminou o dia com R$ 162,00 por saca – e 2,63% – em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, com o último valor do dia em R$ 148,00, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas.
Nos portos, os preços permaneceram estáveis, apesar das perdas na CBOT e da moeda americana frente à brasileira. Em Paranaguá, R$ 165,00 para o disponível e R$ 156,00 para fevereiro de 2022, já em Rio Grande, R$ 164,00 eR$ 154,00, respectivamente, como referências nesta terça-feira. Em Santos, o indicativo junho/21 fechou o dia com R$ 175,00.
“O produtor está sem apetite por vendas, e é assim que tem ser, principalmente considerando a soja em dólar. Essas baixas do mercado (em Chicago) são puro exagero especulativo, ressaltando toda a sensibilidade que o mercado possui em 2021”, complementa Pereira. “Na mesma agressividade que temos o mercado derretendo nos últimos dias, teremos a recuperação com sinais de problemas generalizados de safra nos EUA durante julho e agosto, que são os meses de maior importância climática para milho e soja, respectivamente”.
BOLSA DE CHICAGO
E essa exagero especulativo resultou em mais uma sessão de baixas intensas para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. As perdas entre os principais vencimentos foram de 6,50 a 21,75 pontos, com o julho sendo cotado a US$ 14,65 e o novembro, US$ 13,73 por bushel.
Os traders permanecem focados nos modelos americanos de previsões climáticas, os quais mostram chuvas melhores chegando ao Meio-Oeste dos Estados Unidos nos próximos dias, ao contrário do que sinalizam os modelos europeus.
“Temos visto os modelos oficiais do governo norte-americano apontarem para temperaturas mais amenas e boas chuvas, e isso importa e conta muito porque temos registrado dias muito secos, principalmente em Iowa, o principal estado produto de milho dos EUA. Então, temos o mercado bastante sensível, diante deste período crítico de desenvolvimento, a mudanças nos modelos como esta desta semana”, explica o chair para o mercado agrícola da Universidade de Illinois, Scott Irwin, em entrevista à agência internacional de notícias Bloomberg.
Ao lado da questão do clima, os mercados de soja e milho sentem a pressão ainda das incertezas no mercado de biocombustíveis nos Estados Unidos. O presidente americano Joe Biden se vê dividido entre sua agenda ambiental e o incentivo aos combustíveis verdes, enquanto tem de olhar, ao mesmo tempo, para suas refinarias de petróleo.
E assim, a possibilidade de uma redução no mandatório do biodiesel e do etanol de milho também promovem uma especulação forte no mercado dos grãos. Ontem, os futuros do óleo de soja perderam mais de 3%, e nesta terça seguiram em campo negativo, porém, com perdas mais contidas. As posições mais negociadas encerraram o dia com baixas de quase 1%.