Os preços do milho dispararam na B3, o mercado futuro brasileiro, nesta quarta-feira (3) e renovaram suas máximas do ano. As altas entre os vencimentos mais negociados foram de mais de 2% e os fechamentos variaram entre R$ 82,29 – no setembro/21 – e R$ 91,05 – no maio/21. Segundo explicaram analistas da Agrinvest Commodities, dois fatores foram fundamentais para este movimento: dólar e clima.
A moeda americana operou, nesta quarta, com altas fortes durante todo o dia, superou os R$ 5,70 e chegou a registrar alta de mais de 1,7%. Apenas no final do dia, a divisa inverteu o sinal e terminou estável, cotado a R$ 5,6624.
“Investidores acionaram expressivas ordens de vendas na reta final dos negócios, após o presidente da Câmara garantir que o Congresso não permitirá furo do teto de gastos”, informou a agência de notícias Reuters.
Entretanto, a disparada registrada mais cedo puxou forte as cotações do cereal na B3 e o impacto foi sentido também no mercado físico, onde as referências terminaram o dia com ganhos de mais de 2% em algumas das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Em Maracaju/MS, por exemplo, a alta foi de 2,74% para R$ 75,00 por saca. Em Campinas/Sp, alta de 1,12% para R$ 90,00.
No porto de Paranaguá, a referência se manteve estável nos R$ 84,00 por saca.
Ao lado do dólar, as adversidades climáticas que comprometem a colheita da soja e atrasam o plantio da segunda safra de milho também são combustível para o avanço. Em Mato Grosso, de acordo com as últimas informações do Imea (Insituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o atraso na semeadura do cereal é o segundo maior da história e já leva boa parte da safra para fora da janela ideal para o cultivo.
“Se o Mato Grosso está atrasado, sendo o mais adiantado, todos os demais estados produtores também apresentarão grande atraso na semeadura e aumento considerável de riscos à produção, entre eles seca no Centro-Oeste, geadas no sul do Mato Grosso do Sul, Paraná”, explica a Agrinvest.
BOLSA DE CHICAGO
Em Chicago, por outro lado, as cotações do milho terminaram a quarta-feira com baixas expressivas. Os futuros do grão caíram mais de 1% – ou algo entre 3,25 e 10,50 pontos – com o março sendo cotado a US$ 5,50 e o julho, US$ 5,24 por bushel.
“Parte das altas registradas nesta terça (2) pelo mercado de grãos foram corrigidas nesta quarta-feira com um movimento de vendas técnicas e realização de lucros”, explicam os analistas de mercado do portal americano Farm Futures.
Ademais, uma demanda menos intensa e ativa nas últimas semanas, em especial da China, também pesa sobre as cotações. Sobre a demanda interna, atenção à produção de etanol que, apesar de um aumento na última semana, ainda continua aquém dos últimos meses.
A produção do combustível foi interrompida nas últimas semanas em função do frio intenso nos Estados Unidos, mas tende a se recuperar nas próximas, ainda segundo os especialistas internacionais.