No agronegócio, tudo gira muito em torno do clima. Os produtores se planejam de acordo com as estações do ano, os períodos de chuva e de seca. No entanto, muitas situações estão fora do normal, o que está causando dificuldades para planejar as produções, além de gerar prejuízos.
Em Ibitinga (SP), tudo fica mais desafiador quando o plantio é feito fora de época. A florada vem antes do tempo e a colheita se adianta ou atrasa.
Em um pomar do município, por exemplo, as laranjas estão demorando mais para atingir o ponto de colheita. São 125 hectares de pés de laranja, às margens do Rio Jacaré Pepira. A plantação tem irrigação programada, e nem isso evita o impacto das mudanças climáticas.
Sem chuva suficiente, as frutas perdem qualidade e não chegam ao tamanho ideal. Para o proprietário, que vende mais de 80% da produção para as indústrias de suco, 2024 tem sido um ano de bastante apreensão e incertezas.
Se está difícil para um, está difícil para todos. Os produtores de cana-de-açúcar também lidam com a queda de produtividade. Os canaviais não se desenvolvem bem com a falta de chuva. Os gominhos, chamados de “internódios”, estão mais curtos.
O presidente da Associcana afirma que a produção já teve queda de 8% no estado de São Paulo neste ano, e a redução pode ser ainda maior em algumas regiões.
A quantidade de chuva ideal para as lavouras é de 1.400 milímetros em 12 meses, só que, ultimamente, a máxima registrada foi de 1.000 milímetros.
Tudo o que sai da normalidade gera prejuízos no campo, e as mudanças climáticas estão cada vez mais acentuadas. Para reduzir os impactos, os agricultores recorrem aos meteorologistas para planejar o plantio, a adubação e a colheita.
Em uma fazenda de café em Garça (SP), a produção já está comprometida com a falta de chuva nos primeiros meses de 2024. Em janeiro choveu pouco mais de 100 milímetros, sendo que, no mesmo mês do ano passado, foram mais de 300 milímetros.
Com a falta de água, o grão fica muito menor, e a produtividade cai. Em 2023, o proprietário colheu 30 sacas por hectare. Neste ano, a média deve ficar em 15 sacas. Os grãos que não crescem também são aproveitados, mas têm valor menor de mercado, e são vendidos como uma segunda linha do café.
O cenário desfavorável para os produtores rurais mexe com a economia do país e com o abastecimento, e, segundo a meteorologia, os desafios podem ser ainda maiores no segundo semestre, pois haverá uma condição climática pouco comum.