Em tempos de dólar alto, as exportações ganham relevância ainda maior e as empresas mais preparadas voltam-se, justificadamente, ao mercado externo. No entanto, mais do que rentabilidade, a comercialização de produtos para outros países gera ganhos de extrema importância, como emprego e renda, exigindo investimentos na eliminação de gargalos e em favor da maior competitividade. Ganham as empresas e ganha o país, que elimina barreiras e abre portas para a realização de negócios que fazem a economia girar.
Estimular as exportações é estimular, também, o desenvolvimento interno. Diversos setores possuem grande potencial de vendas externas, mas ainda são necessários políticas e acordos bilaterais que facilitem as negociações e o aceite dos produtos nacionais em todos os continentes. Qualidade e segurança sanitária não faltam.
De acordo com Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção total de ovos superou, em 2020, a marca dos 53,5 bilhões de unidades. No entanto, as exportações brasileiras do produto representam 0,3% da produção, o que demonstra o grande potencial de comércio a ser desenvolvido. Das vendas externas, 64,45% foram de produtos in natura e 35,55%, de industrializados (ovos líquidos e desidratados, ou em pó).
As exportações de ovos apresentaram índices significativos no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, superando os volumes anuais de 2017, 2019 e 2020. As vendas do semestre geraram US$ 8,024 milhões, número 152,9% superior ao realizado nos seis primeiros meses de 2020, com US$ 3,173 milhões. Resultados animadores, mas que podem ser ainda melhores.
A atuação ativa de empresas e entidades junto a órgãos públicos e eventos de relacionamento têm ajudado na conquista de novos mercados. No último mês de abril, o Ministério da Agricultura firmou acordos com a Argentina e o Chile para a exportação de ovos in natura, fruto da parceria entre o Projeto Brazilian Egg, da ABPA e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex).
Os Emirados Árabes Unidos destacam-se entre os países compradores de ovos brasileiros, absorvendo mais de 80% das exportações. No primeiro semestre as vendas para o país tiveram elevação de 358,4% em relação ao mesmo período de 2020, correspondentes a 3,947 toneladas. Na sequência, vem Omã com 271 toneladas e Japão com 245 toneladas e um crescimento de 81,6%.
A qualidade dos produtos e o atendimento, pelas empresas, dos critérios definidos pelas certificações internacionais, a exemplo da Halal, que define as condições exigidas por países islâmicos, e a Brand Reputation Through Compliance (BRCGS), padrão global para segurança de alimentos, colocam os ovos brasileiros em total condições de atender novas oportunidades de negócios no exterior.
Vale destacar que o Brasil tem suprido a demanda de muitos países, em diversos continentes, com produtos de origem animal de alta qualidade, atendendo as diretrizes de sanidade, sustentabilidade e bem-estar animal, de acordo com as normas internacionais.
Do mesmo modo, as indústrias brasileiras vêm aperfeiçoando suas estruturas para atender à demanda global por ovos in natura e industrializados e possuem todas as condições para conquistarem os mercados mais exigentes do mundo e serem protagonistas na exportação do produto. As indústrias avícolas que prezam pelo controle biológico, rastreabilidade, ausência de antibióticos, rigorosa biosseguridade e o monitoramento das etapas de produção desde os cuidados com o bem-estar das aves, garantem a excelência dos produtos nacionais e estão aptas a atender os mais rigorosos padrões internacionais.
Essas empresas, no entanto, enfrentam dificuldades na abertura de novas fronteiras, dada à falta de acordos comerciais entre o Brasil e diversos países do mundo, muitas vezes limitados a algumas regiões. Tais acordos colocariam o país em condições especiais de tarifas e preferência, um impulso indispensável para o aumento das exportações e à conquista de espaço no mercado hoje tomado por outras nações.
Faltam aos produtores de ovos esse respaldo. As exportações do produto precisam ser uma política comercial, tanto do Estado, quanto do setor, e não ações esporádicas. Lembrando que o comércio exterior favorece, além do ingresso de divisas, o incentivo à inovação e o aumento da competitividade e da produtividade, aspectos valorizados em qualquer
*Gilson Katayama é Diretor Comercial do Grupo Katayama
Engenheiro de Produção formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com especialização em Automação Industrial pela Universidade de Okayama, no Japão. Gilson Katayama está à frente da diretoria comercial das empresas do Grupo Katayama, que atua nos segmentos de avicultura, pecuária e fertilizantes orgânicos