Vermelhos, rosados, verdes, azuis e até roxo. Na Fazenda Preservar, em Rio Piracicaba, região Central de Minas Gerais, as cores dos ovos são uma festa. Lá, a produção é de galinhas livres de gaiolas, portanto mais felizes. Criadas em uma área delimitada, mas com bom espaço, elas podem expressar seus comportamentos naturais, ciscar e empoleirar à vontade. Os proprietários da fazenda, o casal Maria de Fátima Almeida Aranda e Eri Couto Aranda, têm como valor o respeito aos animais e a preservação ambiental. O nome do local, Preservar, já diz muito sobre isso. “Nesse sistema as galinhas têm mais bem-estar”, reforça Maria de Fátima.
O engenheiro agrônomo da Emater-MG, que assiste ao casal, Gustavo Caldeira, destaca ainda que em toda propriedade há a implantação de medidas para uma produção sustentável. Ele cita, por exemplo, que a fazenda é unidade de referência de implantação de barraginhas, estruturas que armazenam água de chuva, propiciando a infiltração no solo, melhorando assim a disponibilidade e a qualidade da água no terreno.
Com assistência da Emater-MG, eles implementaram também uma pequena agroindústria de ovos. “Aqui havia essa necessidade de ter uma agroindústria para poder fornecer os ovos para alimentação escolar. Então acompanhamos eles desde a instalação da unidade, de forma adequada à legislação, a formalização do empreendimento, o treinamento para que a Maria de Fátima pudesse ser a responsável técnica pela agroindústria, além da articulação para que ela forneça os ovos para a merenda escolar, via Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar)”, explica a técnica de Bem-Estar Social da Emater-MG, Ana Maria da Silva.
Na agroindústria os ovos são selecionados, analisados e embalados. Cada pente de ovos sai com diversidade de cores. A coloração é em função das raças das galinhas: a Isa Brown coloca ovos avermelhados; as GLC (Galinhas Livres Caipiras) botam ovos coloridos, azuis, verdes, roxos, entre outros; e a raça Novogen fornece os ovos cor creme. “Eu tenho várias raças para diversificar a coloração dos ovos porque o cliente é muito exigente. Com o ovo colorido, de um tamanho maior, eu consigo mais aceitação no mercado”, explica Maria de Fátima. Ela ainda conta que para deixar a gema com cor mais viva, acrescenta na alimentação das galinhas, além de verduras, a semente de urucum, que é a planta usada para se fazer colorau, um condimento alimentar que tem um vermelho intenso.
Aves ornamentais
Antes de investirem na produção de ovos, a Fátima e o Eri se dedicavam à criação de aves ornamentais. Migraram de negócio em função de uma queda brusca neste mercado. Mas ainda hoje eles possuem alguns exemplares desses bichos exóticos, pela paixão por esses animais. “Em 2018 ficou muito fraco a venda das ornamentais, então migramos para as aves de postura. Mas eu sinto falta, eu tenho um pouquinho ainda. Calopsita mansa, canário belga, periquito australiano, a gente vendia bastante”, recorda o senhor Eri.
Contudo, ele reconhece que o mercado de aves de postura é mais estável e está satisfeito na atividade. Na Fazenda Preservar eles possuem 300 galinhas de postura, que fornecem cerca de 220 ovos por dia. Eles são comercializados na região e enriquecem também a merenda escolar das escolas públicas do município.