O estudo selecionou 14 países em 5 continentes. Na África – Quênia, Tanzânia, Gana e Ruanda; na Ásia – China e Índia; na Europa – Itália, Espanha e Dinamarca; na América Latina – Brasil, México e Chile; Na América do Norte – Estados Unidos e na Oceania – Austrália.
Conforme a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e líder da pesquisa, Lucimar Santiago de Abreu, “a agricultura orgânica se encontra em grande estágio de desenvolvimento, contando com 72,9 milhões de hectares de área cultivada, tendo alcançado em 2019 um mercado de 106,4 bilhões de euros, sendo os maiores níveis já registrados”, diz Lucimar.
“Além disso, está presente em 187 países, com 3.1 milhões de produtores em todo o mundo em 2019”. Dentre os países mais representativos nesse mercado encontram-se os Estados Unidos, que em 2019 movimentou 44,7 milhões de euros e a Europa, com 41,4 milhões de euros. Já no Brasil, o segmento movimentou R$ 5,8 bilhões em 2020, valor 30% superior ao de 2019, segundo a Organis.
Para a cadeia produtiva de produtos orgânicos é importante destacar quais são os principais produtos produzidos no Brasil. De acordo com dados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, dos 68.716 estabelecimentos agropecuários certificados para a produção orgânica, 39.643 se dedicavam à produção vegetal, 18.215 à produção animal e 10.858 estabelecimentos tinham produção vegetal e animal orgânicos. Neste sentido, dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em seu Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, que registra produtores orgânicos certificados – pessoas físicas ou jurídicas – constam, em setembro de 2021, 25.097 produtores, distribuídos em todas as regiões brasileiras.
O pesquisador João Paulo Soares, da Embrapa Cerrados, destaca que, “com relação à área agrícola ocupada pela produção orgânica, dados do FiBL/IFOAM estimam cerca de 1,3 milhão de hectares, ou cerca de 0,5% da área agricultável brasileira. Além desta área, explica Soares, calcula-se que há ainda 1,7 milhão de terras consideradas orgânicas destinadas à apicultura e extrativismo, dedicadas à produção de castanhas, açaí, palmito, plantas medicinais e aromáticas.
A produção orgânica brasileira dos principais produtos de origem animal era de 550 mil cabeças de frango, 720 mil dúzias de ovos, 6,8 milhões de litros de leite e 13,8 mil cabeças de gado abatidas ao ano em 2012. De acordo com IPEA, com relação à produção apícola, o Brasil é apontado como o detentor do maior número de colmeias orgânicas do mundo, com quase 900.000 unidades.
Orgânicos de origem animal
A produção brasileira dos principais produtos orgânicos de origem animal, em 2011 era de 550 mil cabeças de frango, 720 mil dúzias de ovos, 6,8 milhões de litros de leite e 13,8 mil cabeças de gado abatidas ao ano em 2012 que representam produções muito abaixo da Europa e Estados Unidos. Ao se avaliar, por exemplo, a produção global de leite orgânico constata-se que é de 7.1 bilhões de litros, sendo o maior produtor os Estados Unidos, seguido pela Alemanha, Dinamarca, Itália, Suíça e Nova Zelândia.
A contribuição da produção de ovos orgânicos difere consideravelmente entre os estados membros da EU, que aumentou 12,2% na última década. A Dinamarca tem a maior participação, seguida pela Áustria e pelo Reino Unido. Os principais países na produção de ovos com casca são a Espanha, a França e a Itália.
De acordo com a International Egg Commission, galinhas criadas ao ar livre e em sistemas de alojamento orgânico representaram 0,4% do total nos países da América do Norte e Latina, 23,8% do total nos países asiáticos e 14,6 % do total nos países europeus.
Com relação a produção orgânica animal entre 2008 e 2017, o maior aumento foi em aves domésticas (mais de 100%), o que pode ser parcialmente atribuído à alta demanda por ovos. No entanto, bovinos de corte e leite também cresceram substancialmente naquela década (+65%), assim como ovinos (+74%) e suínos (+48%). Para bovinos (4,4 milhões de cabeças na Europa), os maiores números são encontrados na Alemanha, Franca e Áustria. Olhando para os estoques de suínos (um milhão de cabeças), a Alemanha, a Dinamarca e a França têm os números mais altos.
A conclusão da pesquisa mostra que apesar do incremento da produção orgânica no mundo, comparativamente a produção brasileira em termos de toneladas por hectares se situa ainda bem abaixo da média dos países estudados, exceto, no caso do açúcar orgânico que ocupa posição de destaque na cena internacional, portanto, há potencial para o desenvolvimento dos sistemas orgânicos brasileiros e oportunidades para ocupar espaço no mercado internacional.
Sistemas voltados para a produção de mercado para o abastecimento interno, em especial, vêm sendo também construídos em redes territoriais alternativas de produção e consumo, em regiões onde à questão alimentar é protagonizada por agricultores familiares, agentes de desenvolvimento e consumidores, especialmente em regiões próximas de grandes metrópoles.
Um dos problemas enfrentados para a realização da pesquisa é a falta de informações estatísticas sistematizadas sobre a produção de orgânicos no Brasil. Para além do panorama comparativo geral do sistema global agroalimentar orgânico, torna se importante dar continuidade à pesquisa e investigar as concepções, as práticas e os atores chaves institucionais que compõem e coordenam o crescente sistema global de produção e distribuição de alimentos orgânicos.
Para ler o estudo acesse:
https://www.even3.com.br/anais/soberebpc2021/343343-producao-organica-e-sustentabilidade/