O enfrentamento da gripe aviária H5N1 no Brasil é o foco de uma chamada pública lançada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A iniciativa vai destinar R$ 12 milhões para apoiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) sobre o H5N1, um subtipo do vírus da gripe influenza A, conhecido por ser altamente patogênico em aves e, em alguns casos, causar infecções graves em seres humanos.
A chamada pública vai fomentar projetos para permitir um melhor entendimento da doença, incluindo sua transmissão, características clínicas, fatores de risco e evolução. O objetivo é desenvolver estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento da gripe aviária e deixar o Brasil mais preparado para o enfrentamento do problema.
“Além da importância para a saúde humana, neste momento a maior preocupação com um surto de H5N1 seria o impacto que esse evento poderia causar na produção avícola nacional, com consequências graves na produtividade e na economia do país”, destaca o coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do MCTI, Thiago Moraes.
A chamada pública receberá propostas até o dia 28 de setembro e está dividida em 6 linhas temáticas:
Linha Temática 1 – Estudos de patogênese do vírus em humanos e animais;
Linha Temática 2 – Desenvolvimento de plataformas alternativas ao uso de ovos embrionados para vacinas contra Influenza Aviária;
Linha Temática 3 – Desenvolvimentos de ferramentas para estratégias de diferenciação de animais infectados e vacinados (DIVA), caso vacinas sejam adotadas no futuro do país;
Linha Temática 4 – Estudos para avaliação da eficácia de vacinas e esquemas terapêuticos com medicamentos antivirais contra Influenza Aviária em modelos in vivo e in vitro;
Linha Temática 5 – Ações para a diminuição da dependência externa de insumos para diagnóstico, tratamento e prevenção;
Linha Temática 6 – Metodologias para depopulação de grandes populações de aves seguindo normas de bem-estar animal.
O fomento à P,D&I nessas áreas pode resultar em vacinas mais seguras, mais rápidas de serem produzidas em larga escala e mais adaptáveis a mutações do vírus, além do desenvolvimento de métodos de diagnóstico precisos para identificar infecções pelo H5N1, reforça Thiago Moraes.
O coordenador de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do MCTI acrescenta que investir em pesquisa e inovação também prepara o sistema de saúde global para futuros surtos de doenças infecciosas, permitindo uma resposta mais eficaz e coordenada.
Rede Previr
A Rede Previr, um braço da RedeVírus MCTI, se dedica ao monitoramento de viroses em animais silvestres com potencial para migrar para humanos. Desde agosto de 2022, os pesquisadores intensificaram as ações de campo para a busca ativa do vírus H5N1 em aves migratórias. O objetivo é tentar detectar antecipadamente possíveis casos em aves silvestres em regiões estratégicas que estão nas rotas das aves migratórias, como o Pantanal e a região Sul, para alertar o serviço oficial de vigilância para adotar medidas preventivas na região.
Em 27 de março deste ano, o MCTI, por meio da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos (Seppe), publicou o documento ‘Ações e recomendações de PD&I para o Enfrentamento do vírus H5N1’. O informe reúne as propostas dos pesquisadores que integram a RedeVírus MCTI em termos de ações e recomendações prioritárias de pesquisa, desenvolvimento e inovação para o enfrentamento da gripe aviária H5N1.