A safra brasileira de milho de inverno em 2020/21 ficará 20 milhões de toneladas abaixo de seu potencial produtivo de deverá somar 65,3 milhões de toneladas – a previsão inicial era de 84 milhões. Apesar dessa quebra, que em alguns Estados supera os 30% na comparação com o ciclo anterior, os produtores conseguiram ter uma boa rentabilidade. Foi o que afirmou ontem André Pessôa, sócio da Agroconsult, consultoria que promove o Rally da Safra, expedição que percorre os principais Estados produtores.
Essa estimativa de colheita é 14,9% menor que a do ciclo anterior, em 2019/20, e poderá encolher ainda mais a depender do clima nas próximas semanas. “Ainda há possibilidade de perdas porque tem muito milho em campo, e a previsão é de geadas na semana que vem no Paraná”, afirmou Pessôa. Essas geadas podem atingir também regiões produtoras de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
“As perdas só não foram maiores porque a área de plantio cresceu”, disse. Os preços elevados estimularam os agricultores a aumentar os investimentos nas lavouras e a ampliar a área plantada – que chegou a 14,7 milhões de hectares, 9,3% mais que na safrinha do ciclo 2019/20.
As razões para a quebra de safra vêm, então, do plantio tardio, causado pelo atraso na safra de soja, e do clima extremamente seco. “Trata-se de uma das temporadas mais complexas dos últimos tempos. O plantio foi um dos mais tardios da história, o que empurrou o desenvolvimento das lavouras para um calendário de alto risco climático”, observou.
Neste momento, a Agroconsult estima que a produtividade média das lavouras será de 74 sacas por hectare, 22,2% inferior à da temporada 2019/20. Para as plantações de Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, a estimativa é que a produtividade diminua mais de 30% na comparação com a temporada 2019/20. “O resultado da safra só não será pior porque em Mato Grosso a coisa foi ruim, mas não péssima”, afirmou o consultor.
No Estado do Paraná, a estimativa de produtividade média é de 58 sacas por hectare, 31% abaixo de 2019/20. Em Mato Grosso do Sul, a Agroconsult calcula 54,5 sacas por hectare, queda de 35% – mesmo percentual previsto para Goiás, onde a média deverá ficar em 67,8 sacas por hectare. Já em Mato Grosso, a projeção é de 94,5 sacas por hectare, o que representa uma redução de “apenas” 14%.
Apesar desse cenário, o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, disse que os produtores conseguiram bons resultados financeiros. “Se considerarmos os preços altos do milho até março, qualquer produtor que conseguiu uma média de colheita de 60 a 70 sacas por hectare teve uma margem positiva”.
Ao avaliar tanto a safra de verão quanto a de inverno, a Agroconsult projeta neste momento uma colheita brasileira total de milho de 90,2 milhões de toneladas em 2020/21. Com isso, o volume deve ficar abaixo de 100 milhões de toneladas pela primeira vez desde 2017/18.
Para as exportações, a consultoria prevê 24,2 milhões de toneladas, menos que as 35 milhões de toneladas do ciclo passado (fevereiro a janeiro). As importações, por sua vez, deverão dobrar na temporada e passar de 1,5 milhão de toneladas, em 2019/20, para 3 milhões em 2020/21.