Caso o abate não fosse realizado, animais teriam que ficar em uma granja considerada inadequada durante o período de vazio sanitário devido à gripe aviária.
A Seara, do grupo JBS, optou por fazer o abate de 67,1 mil frangos de uma granja próxima à região de Montenegro (RS), cidade onde foi encontrado um caso de gripe aviária em uma granja comercial de outra companhia. O abate foi definido por questões estratégicas, uma vez que os animais estavam saudáveis, tiveram a autorização do Ministério da Agricultura e as guias de trânsito para descarte emitidas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul.
“Ainda que não fosse obrigada a fazê-lo pelas normas sanitárias, a Seara voluntariamente solicitou o abate das aves mencionadas por razões comerciais e de lógica de produção. Essas aves estavam em uma granja de recria e deveriam ser transferidas para uma granja de produção quando surgiu o foco de influenza aviária em Montenegro. Com as restrições de movimentação no raio de 10 km, não seria possível fazer essa transferência”, explicou a empresa em nota.
Caso o abate não fosse realizado, os animais teriam que ficar em uma granja considerada inadequada para sua etapa de vida por pelo menos 28 dias, período em que está sendo cumprido um vazio sanitário para confirmar que a região está livre da doença. “Além disso, haveria muitas restrições à sua futura comercialização”, pontuou a Seara no comunicado.
Diante desses fatores, a empresa de aves e suínos da JBS solicitou ao Ministério da Agricultura que fosse permitido o abate. De acordo com a empresa, o procedimento foi feito com base em normas internacionais e com a devida fiscalização das autoridades sanitárias.
“As aves estavam perfeitamente saudáveis, conforme monitoramento feito pelas autoridades, e por isso mesmo foi autorizado seu transporte para abate”, enfatizou.
Estratégias
O plano de contingência para emergências zoossanitárias definido pelo ministério já prevê estratégias deste tipo. Ele permite a “eliminação preventiva de rebanhos sadios, definidos por proximidade ou vínculo epidemiológico”, no intuito de diminuir a quantidade de animais suscetíveis na área que está de risco.
A ideia é controlar temporariamente a dispersão de vírus, no caso da gripe aviária, até que as medidas de destruição de prováveis fontes de infecção tenham sido capazes de suprimir o agente causador da doença.
Uma fonte com conhecimento sobre o assunto reforçou que, de fato, não se trata de um abate sanitário – o que seria aplicado somente em casos de aves infectadas, e não é o caso. As aves não eram de corte, eram de genética também. A decisão de sacrificar foi tomada devido a eventuais dificuldades que teriam para distribuição dos animais com as restrições locais, completou a fonte.
Segundo a fonte, que falou na condição de anonimato, a Seara entrou em contato com o governo federal no início da semana passada em busca da autorização para realizar o procedimento. “É uma ação recorrente da empresa para evitar riscos financeiros e econômicos maiores”, disse o interlocutor.
Nestas situações, afirmou a fonte, as aves abatidas são descartadas ou costumam ser enviadas para produção de farinhas e óleos. Não há informações de que outra companhia tenha adotado o mesmo procedimento, porque a unidade da JBS é a única grande empresa de aves na região.
Procurado, o Ministério da Agricultura não respondeu a um pedido de comentários até a publicação desta reportagem.