A cepa altamente letal de gripe aviária que vem devastando populações de aves selvagens e domésticas em todo o mundo continua imprevisível, alerta imunologista aviário da Universidade de Guelph preocupado com a possibilidade de o vírus se espalhar para os humanos.
O Dr. Shayan Sharif é imunologista do Departamento de Patobiologia do Ontario Veterinary College (OVC), especializado no sistema imunológico de galinhas, incluindo suas respostas à gripe aviária. Ele é reitor associado de pesquisa e estudos de pós-graduação da OVC.
Sharif diz que, embora a família H5N1 da gripe aviária não seja nova, a cepa altamente patogênica que ora se espalha pelo mundo é única em sua capacidade de matar várias espécies de aves que antes eram consideradas resistentes.
Aves marinhas, por exemplo, estão morrendo aos milhares por causa do vírus, quando cepas anteriores lhes causaram poucos problemas. Mesmo dentro de famílias de aves, como patos, algumas espécies estão sucumbindo ao vírus, enquanto outras podem transmitir o vírus sem apresentar sinais clínicos ou mortalidade, e as razões para isso ainda não estão claras, diz Sharif.
“Temos muito pouca capacidade de prever a virulência desse vírus ou a capacidade desse vírus de causar doenças em diferentes espécies de aves”, disse ele ao The Current da CBC.
Com o vírus se espalhando rapidamente em granjas da Colúmbia Britânica, o Centro de Controle de Doenças local (BCCDC, na sigla em inglês) está solicitando aos médicos que fiquem atentos à possibilidade de infecção em humanos.
Sharif afirma que essa possibilidade também o preocupa.
“Embora esse vírus não tenha tido muitas oportunidades de passar para os humanos, sempre existe a possibilidade de ganhar essa capacidade e, se isso ocorrer, podemos enfrentar uma pandemia”, disse ele.
Sharif está particularmente preocupado com a recente descoberta do vírus da gripe aviária em mamíferos como ursos e raposas.
“Como alguém com experiência nesta área, eu diria que esta é a última coisa que gostaria de ver, que de repente um vírus que afetava principalmente as aves agora está saltando para outras espécies”, disse ele. “Embora seja raro vê-lo em raposas, ursos e gambás, isso não abre um precedente muito bom.”