Uma forte queda nos preços do milho no Brasil deve trazer algum alívio para as indústrias de aves e suínos neste ano, disse nesta terça-feira o presidente da ABPA.
Milho e soja são utilizados como ração animal e respondem por cerca de 70% dos custos de produção de frango e suínos. Os preços do milho caíram quase um terço no mercado doméstico, já que o país espera colher uma nova safra recorde nos próximos meses.
Em Campinas, São Paulo, os preços do milho estão perto de R$ 60 a saca, queda de 28% neste ano e bem abaixo das máximas de mais de R$ 100 a saca em 2022.
Isso é uma benção para empresas alimentícias como a BRF, que registrou perdas consecutivas em 2022, em parte devido aos altos custos das rações.
“A indústria não tem pressa em comprar milho”, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA. “Hoje as coisas estão melhores para o comprador de grãos, finalmente estamos recuperando algumas das perdas que tivemos no passado.”
Nos piores momentos da oferta de milho, a indústria da carne foi obrigada a pagar ágios sobre o milho destinado à exportação para manter o grão no país, disse Santin.
Segundo consultorias privadas, o Brasil produzirá cerca de 130 milhões de toneladas de milho, um recorde, com exportações que devem ultrapassar 45 milhões de toneladas em 2023.
Os preços mais baixos do milho restauram o “equilíbrio” na indústria, disse Santin, acrescentando que mesmo nesses níveis o milho continua sendo uma commodity atraente para os agricultores cultivarem.
“Quando há redução no custo de produção, a indústria consegue manter os preços estáveis”, disse Santin. “A boa notícia sobre a inflação é que ela não vai subir, pelo menos da nossa parte.”