Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago inverteram o sinal e fecharam o dia com perdas intensas no pregão desta quinta-feira (28). Mais uma vez, o mercado realizou lucros e também refletiu, segundo o analista e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, as sinalizações de um aumento de área de grãos nos EUA trazidas por um representante do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Assim, as perdas ficaram entre 19 e 21,75 pontos, levando o março a US$ 13,53 e o agosto a US$ 12,85 por bushel. “Essas informações circularam no mercado e deram espaço para os fundos venderem parte das posições que compraram nos últimos dias”, diz Motter. Entre segunda e quarta-feira, as cotações da oleaginosa acumularam ganhos de mais de 2%.
Entretanto, o analista afirma ainda que o viés positivo do mercado, principalmente diante de uma safra no Brasil que ainda vem perdendo potencial produtivo em alguns pontos do país. Além do atraso da colheita, condições adversas de clima vem também prejudicando a qualidade da soja nacional e podendo reduzir ainda mais a oferta disponível nos próximos meses.
“O foco é o desenvolvimento da safra sul-americana, em especial a brasileira, vamos ver o que este início de fevereiro nos trará de informação nova. Temos vários problemas se acumulando nesta temporada”, afirma Motter. “O fato é que ainda não há nenhuma previsão de quando podemos voltar à normalidade, tendo mais luminosidade, menos chuvas e evitando esse tipo de perdas (pelo excesso de umidade)”, complementa.
Mais do que isso, o analista da Granoeste pontua ainda os estoques muito baixos de soja, combinados a uma demanda muito agressiva e crescendo, enquanto a dúvida ainda paira sobre a safra nova da América do Sul.
PREÇOS NO BRASIL
Os preços da soja no Brasil deverão seguir bastante firmes, ainda na análise de Camilo Motter, motivados não só pelos patamares elevados em Chicago, mas também encontrando suporte no câmbio e nos prêmios.
No entanto, o analista reitera que os produtores ainda seguram mais suas vendas, se focando na entrega das vendas já efetivadas. “Não há muitas razões para corridas com as vendas, já que há essas preocupações com a soja no campo e depois ir vendendo cadenciadamente”, diz.