Desde junho deste ano, o empresário Ricardo Faria é, informalmente, o “rei do ovo” no país. Ele tomou o cetro ao anunciar a aquisição da octogenária Katayama Alimentos, empresa que imigrantes japoneses fundaram em 1942 em Guararapes (SP) — e que, até aquele momento, era a terceira maior do segmento no Brasil. O acordo marcou a “fase 1” da vida de sua companhia de ovos, a Granja Faria, disse o empresário, que, em paralelo, intensifica sua aposta no cultivo de grãos.
Faria já atuava na produção agrícola por meio da Terrus, empresa que comprou da Insolo em 2021. Esse negócio, afirma ele, transformou suas operações nessa frente na maior empresa de produção agrícola da área de Cerrado de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, uma região conhecida como Matopiba.
No ciclo 2023/24, as lavouras da Insolo ocuparão 230 mil hectares (entram na soma tanto safra de verão quanto safrinha), o que representará um aumento de 35% em relação à temporada anterior.
As plantações de soja, milho e sorgo da empresa ocuparão 150 mil, 50 mil e 30 mil hectares, respectivamente. A forte expansão da Insolo ocorrerá a despeito dos problemas climáticos do atual ciclo, diz o empresário.
“O clima já melhorou, mas a ‘perda de janela’ (referência ao intervalo mais propício para o início dos trabalhos de campo) foi muito grande. Proporcionalmente, nossa área de milho será menor do que a do ano passado”, disse ele ontem a jornalistas. Nas áreas da empresa, o plantio geralmente começa em 20 de outubro, mas, na safra atual, a largada ocorreu em 1 de novembro.
Com a área de cultivo prevista para o ciclo 2023/24, a Insolo já é uma das maiores empresas de produção agrícola do país. Faria calcula que a receita da companhia nesta safra vai crescer de 40% a 45% em comparação com a anterior, para algo em torno de R$ 2 bilhões.
Os próximos movimentos de expansão da companhia não deverão se restringir ao aumento de área de cultivo. De um lado, afirmou o empresário, a Insolo busca parceiros estratégicos para transformar em etanol e biodiesel parte do volume de grãos que colhe. Há “duas conversas em andamento”, ainda em fase inicial, segundo ele.
Mais do que levantar dinheiro para construir uma ou duas usinas — e a companhia quer atuar na produção dos dois biocombustíveis —, a prioridade é atrair quem já tenha experiência no ramo. “Não temos nada contra fundos, mas [nesse caso], se for só dinheiro, não temos interesse”, disse.
A empresa também faz planos de criar uma estrutura própria de embarque de grãos no porto de Itaqui (MA), por onde ela já exporta. Além de representar uma economia potencial de R$ 100 milhões por ano, uma estrutura do gênero reforçaria a presença da Insolo em um ponto-chave da logística do agro brasileiro. “Em dez anos, Itaqui deverá ser o maior centro de exportação de grãos do Brasil”, projetou o empresário.
Para a Granja Faria, a estratégia de expansão continuará a passar necessariamente por fusões e aquisições. Foram necessárias 15 operações do gênero para dar à empresa suas feições atuais — meses antes de comprar Katayama, a companhia acertou a aquisição da BL Ovos, o que a levou a estrear no mercado de ovos do Espírito Santo e a assumir a liderança do segmento na Bahia. A Granja Faria prevê faturar quase R$ 3 bilhões em 2023. O montante é duas vezes maior que o do ano passado.
“Vamos continuar fazendo M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições). Isso está em nosso DNA”, disse Faria. Alcançada a “fase 1” de sua existência, que era deter 10% de participação do mercado nacional de ovos, a companhia perseguirá, nos próximos dez anos, a marca de 25%. Com essa fatia, avaliou, é possível “ditar tendências”.