O mercado se mantém atento às temperaturas elevadas e as chuvas escassas e mal distribuídas nos EUA, especialmente nas regiões mais a oeste do país neste momento. A imagem abaixo, de 8 de julho, disponibilizada pelo NOAA, mostra, nas áreas em vermelho, a vegetação norte-americana sofrendo com o stress hídrico, e as que estão em azul, regiões onde as plantas estão mais saudáveis.
Os novos mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, mostram que os intervalos de 6 a 10 e 8 a 14 dias reservam condições de precipitações abaixo do esperado e de temperaturas acima da média, o que pode ser bastante prejudicial para os campos americanos agora, que estão em fases críticas de desenvolvimento nas três principais culturas: soja, milho e trigo, este último tendo liderado os ganhos da semana.
Ainda nesta semana, o NOAA trouxe mapas com previsões para agosto mostrando que o tempo quente, com temperaturas acima da média podem ser registrados ainda por todo o próximo mês nos principais estados produtores, especialmente os localizados mais a norte e oeste dos EUA.
Sobre as precipitações, sinaliza que estas deverão, ao menos nos modelos desta semana para agosto, ficar dentro da normalidade na maior parte do cinturão, à exceção de partes das Dakotas e do Nebraska, como mostram as áreas coloridas em marrom.
“Durante esta semana, os preços na CBOT foram direcionados intensamente pelas previsões climáticas, considerando a fraqueza na demanda e relatórios sem grandes surpresas nos últimos dias”, explicou Ginaldo Sousa, diretor do Grupo Labhoro. “Os modelos climáticos pouco apresentavam sinais de melhora em suas previsões, principalmente nas áreas, mais secas do mapa”.
Sousa complementa seu comentário relatando que na tarde desta sexta-feira o modelo americano também reduziu as chuvas para boa parte do Corn Belt, mas ainda assim mantedo alguns volumes para as Dakotas, planícies centrais e o norte do cinturão nos próximos dez dias. Veja:
CARONA NAS ALTAS DO TRIGO e DA CANOLA
Os futuros do trigo lideraram as altas na Bolsa de Chicago nesta semana e ajudaram a puxar a soja. Afinal, as lavouras do grão não sofrem só nos EUA, mas sofrem também no Canadá.
Ainda segundo o diretor do Grupo Labhoro, as vendas de trigo dos EUA para a China deram ainda mais espaço às altas do cereal, que já encontravam espaço para o avanço nos temores sobre a oferta mundial. “Outro ponto que o mercado monitora são os rumores da preferência de trigo pelos chineses para ração ao milho americano”, completa.
Também no Canadá, atenção ao sofrimento das lavouras de canola em função do calor intenso, com temperaturas acima dos 35ºC sendo registradas em regiões produtoras na tarde desta sexta-feira. “Áreas de canola também estão sendo impactadas, o que alavancou os preços de óleos vegetais, que contribuíram para uma base aos ganhos da soja e seus produtos durante o pregão”, diz Sousa.
MERCADO NACIONAL
Os preços da soja brasileira também acumularam ganhos importantes nos últimos dias e foram motivados não só pelas altas em Chicago, mas também pelo dólar ainda acima dos R$ 5,00 e de uma demanda interna para a oleaginosa.
No porto de Paranaguá, a soja disponível subiu 3,03% e fechou a semana com R$ 170,00 e em Rio Grande, 3,09% para R$ 167,00 por saca. Para a soja da safra nova, altas de 2,55% e 3,25%, respectivamente, para fechamentos em R$ 161,00 e R$ 159,00/saca.
Nesta semana, o mercado brasileiro recebeu a informação de que o 81º leilão de biodiesel contará com 12% na mistura, o que pode puxar um pouco mais da demanda interna e intensificar a disputa pela oleaginosa no segundo semestre entre exportação e indústrias nacionais.
A volta do B12 poderia ajudar em uma continuidade das altas do preço da soja no mercado nacional, uma vez que não há grandes volumes ainda a serem comercializados da safra 2020/21.
E este cenário tende a promover uma valorização dos prêmios no Brasil. “E são os prêmios que vão nos mostrar se há volume de soja suficiente para atender estas duas demandas”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. “O diferencial do preço vai vir da disputa pelo grão”.