Ontem, terça-feira (16), os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia com boas altas para os principais vencimentos. As altas variaram entre 13 e 15,50 pontos, com o contrato março fechando o dia a US$ 13,85 e o agosto, US$ 13,29 por bushel. O mercado da oleaginosa acompanhou as altas fortes do milho e do trigo, que terminaram o pregão com ganhos de, respectivamente, mais de 2% e 3%.
O dia foi positivo também para as demais commodities, como o café e o açúcar negociados na Bolsa de Nova York, que subiram quase 3%, bem como o petróleo, com altas de mais de 1%, levando o barril do WTI a US$ 60,11.
O mercado, no caso dos grãos, foi bastante estimulado pelas notícias ligadas à onda de frio intenso nos Estados Unidos, penalizando as lavouras de trigo de inverno.
Como aponta o portal norte-americano Farm Futures, são esperados danos pela chamada winterkill a pelo menos algo entre 10% para a safra de trigo soft e 15% de trigo duro de inverno dos EUA por conta do atual cenário. Tais condições já levam os preços do grão, inclusive, a alcançarem suas máximas em uma semana na Bolsa de Chicago, já que sua demanda é intensa e seus estoques apertados, não só nos Estados Unidos, mas em todo mundo.
No boletim diário do Commodity Weather Group, os especialistas apontam para danos em ao menos 30% no trigo vermelho de inverno das Planícies, especialmente no Kansas.
E as previsões continuam indicando dias intensamente frios em importantes regiões produtoras dos Estados Unidos.
“A questão é que as previsões não mostram que vai esquentar logo e isso já é o primeiro sinal de que poderá ter atraso. Esse mês de fevereiro vai continuar congelado e com o início da temporada das chuvas em março pode causar inundações. E o mercado também já olha um pouco para isso. Março é época de preparo de solo, e tudo mais, e isso acaba sendo benéfico para as cotações, sendo um fator que venha ajudar o mercado a furar os US$ 14 (na soja) e se sustentar se confirmado mais frio aí pelas próximas duas ou três semanas”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Além do estímulo do trigo, e de seus próprios fundamentos, as cotações da soja acompanharam também o avanço do petróleo, que marcou suas máximas em 13 meses. Segundo a Agrinvest Commodities, a alta do petróleo – em razão das tensões geopolíticas entre Arábia Saudita e grupos aliados do Irã em atividade no Iemên – puxou também os demais óleos vegetais.
“As tensões também se somam ao crescimento da demanda por óleos comestíveis e consequente pressão sobre o balanço global” explicam os analistas da consultoria.
Ainda nesta terça-feira, o mercado recebeu os novos números dos embarques semanais de soja dos EUA pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Apesar de virem dentro da média, o volume levou o total da temporada a superar as 50 milhões de toneladas já embarcadas.
Internamente, a demanda norte-americana por soja também está aquecida, confirmada pelos números trazidos também nesta terça pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA). Foram esmagadas 5,03 milhões de toneladas em janeiro, acima das expectativas do mercado de 4,98 milhões.
O total processado marca seu segundo maior volume da história do esmagamento de soja dos EUA, além de ser 4% maior do que o volume de janeiro, que era o recorde anterior.
PREÇOS NO BRASIL
No Brasil, as cotações fecharam o dia estáveis, apesar das altas em Chicago. O mercado de câmbio está fechado no país em função do feriado de Carnaval e os negócios caminham de forma bastante lenta.
Nos portos, a soja fechou no disponível com R$ 165,00 em Paranaguá e R$ 164,00 em Rio Grande. Para março, foram R$ 164,00 e R$ 162,50 por saca, respectivamente.