Preços sobem também no Brasil nesta 3ª feira.
Ontem, a terça-feira (26) terminou com altas fortes para a soja na Bolsa de Chicago. Depois de começar o dia atuando com tímidos ganhos, os futuros da oleaginosa foram intensificando suas altas e encerraram o dia subindo entre 22,75 e 29,75 pontos entre as posições mais negociadas. Assim, o março fechou o pregão com US$ 13,72, enquanto o agosto ficou em US$ 13,04 por bushel.
A demanda tem sido, como explicam analistas e consultores, o principal combustível para o mercado internacional. A China, maior comprador mundial de soja, segue fazendo novas e boas compras nos EUA, dando espaço para as altas em um cenário de oferta muito restrita. A nação asiática, tradicionalmente, trabalha para garantir bons estoques de alimentos antes de seu mais importante feriado, que é o do Ano Novo Lunar.
Com isso, não só as vendas para exportação dos EUA estão fortes – com mais de 90% do total estimado para ser exportado já comprometido – como os embarques também se desenvolvem em um ritmo forte. Somente na última semana, foram quase 2 milhões de toneladas e volume já embarcado em toda temporada comercial já é 84% maior do que no mesmo período do ano passado.
“Os fundos voltaram à ponta compradora porque não tivemos grandes mudanças”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado. “Não vemos nenhuma grande mudança na demanda chinesa e uma continuidade das compras nos EUA por motivos óbvios, como o atraso da chegada da safra brasileira”, completa.
E embora os preços da soja brasileira sejam mais atrativos em relação à norte-americana neste momento, os chineses só conseguem comprar no curto prazo nos EUA e, ainda assim, carregam boas margens de esmagamento que garantem as importações em ambos os países. Assim, ao longo dos próximos meses, naturalmente, as compras da nação asiática deverão se voltar ao mercado do Brasil.
“Mesmo com a soja em reais por saca em patamares recordes no Brasil, em dólares por tonelada a soja colocada na China ainda garante margens de lucros ao chinês nos maiores níveis desde 2018”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios.
Todavia, para que os preços voltem a registrar os mesmos níveis que vinham sendo observados há cerca de 15 dias – entre US$ 14,00 e US$ 14,50 – ainda na análise de Gutierrez, o mercado teria que trazer preocupações maiores, principalmente, sobre o clima na América do Sul e também a despeito de perdas mais expressivas e preocupantes na nova safra sul-americana.
“Nunca colhemos uma safra com um percentual tão grande da safra já vendida, e esse é o ponto diferente. A pressão sazonal vai responder muito ao tamanho da safra, e com uma safra acima de 130 milhões de toneladas, acredito que a partir de abril podemos sentir uma pressão maior e nem esse grande , mas é um limitante de maiores ajustes negativos. Mas se tivermos grandes perdas produtivas no Brasil e na Argentina, aí veremos essa pressão sazonal bem menor, produtor vai segurar, não vai vender. Mas essa não é uma realidade que vemos ainda”, acredita o analista da Safras.
Já para o diretor da Pátria, a pressão sazonal este ano já está e continuará sendo bastante limitada.
“Esse atraso de colheita no Brasil causou um represamento da oferta disponível. Assim que essa soja entrar em rota de logística para exportação mais agressivo – apenas na segunda metade de fevereiro, início de março – devemos ver um acumulado de importação de soja necessário, não só chinesa, mas de outros países também, que vai alavancar não só os preços da soja no Brasil, mas em consequência também de uma alavancagem dos prêmios de exportação”, diz.
MERCADO BRASILEIRO
As altas da soja na Bolsa de Chicago ajudaram a mitigar os efeitos da pressão do dólar sobre os preços da soja no Brasil nesta terça-feira, uma vez que a baixa da moeda americana chegou aos 3%. Ainda assim, nos portos e no interior as cotações da oleaginosa brasileira subiram e seguem mantidas em patamares bastante elevados.
Em Rio Verde e Jataí, no Goiás, altas de 2% para R$ 153,00 a saca; de mais de 1% nas praças de Mato Grosso, como Rondonópolis, onde o preço foi a R$ 157,00 ou Itiquira, para R$ 155,00. Em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, alta de 0,65% para R$ 154,00 e estabilidade em Ponta Grossa, no Paraná, nos R$ 168,00/saca.
No porto de Rio Grande, R$ 163,00 no disponível e R$ 164,00 para março/21, em Paranaguá, R$ 165,00 no spot e R$ 167,00 para fevereiro. No terminal de Santos, a alta foi de R$ 1,80% para R$ 170,00.