Preços altos no BR motivam negócios.
Ontem, a quarta-feira (28) foi de realização de lucros e os preços da soja finalizaram o dia com baixas entre 5,75 e 18 pontos nos contratos mais negociados na Bolsa de Chicago depois da disparada recente.
“Está muito cedo para qualquer definição. O mercado começou agitado esse estágio, o que foi catalisado pelos baixos estoques americanos, mas as previsões já indicam melhoras. Agora, o mercado vai acompanhar diariamente a situação climática”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado.
E essa realização de lucros se dá, principalmente, para os contratos mais longos, do segundo semestre, já refletindo essas melhores condições de clima sendo esperadas para o início de maio, como mostram os mapas atualizados, dando melhores condições também os trabalhos de campo e o desenvolvimento da nova safra americana.
Nas posições mais próximas, as baixas também foram registradas, porém, depois de dez sessões consecutivas de altas e máximas em oito anos sendo renovadas. A diferença, porém, ainda como explica Gutierrez, é de que o mercado mais no curto prazo ainda reflete um cenário de oferta escassa, com estoques muito apertados nos Estados Unidos.
Assim, nesta quarta-feira, o contrato julho terminou o dia com o julho sendo cotado a US$ 15,13 e o novembro com US$ 13,28 por bushel em mais uma sessão de movimentações fortes.
Ainda nesta quarta, os futuros do farelo e do óleo de soja também corrigiram parte das últimas altas, com os preços do farelo perdendo mais de 1% entre as posições mais negociadas. No óleo, as posições mais distantes perderam até 0,54%, como o setembro que fechou com 53,28 cents de dólar por libra-peso.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, com os patamares elevados em Chicago mais o dólar ainda alto apesar das quedas, os preços registraram novos recordes para a soja disponível nos portos e no interior, além de motivarem novos negócios.
Agora, com Chicago realizando lucros e a moeda americana ligeiramente mais baixa, além de prêmios que estão pressionados no mercado nacional, os preços têm espaço para alguma correção, um leve reajuste, porém, sem quedas muito severas, também diante de um quadro apertado no Brasil de oferta e demanda.
A tendência, portanto, é de que agora as vendas acontençam em um ritmo um pouco mais lento, com os produtores também segurando um pouco mais, especulando o mercado climático norte-americano.
O atual momento é de forte volatilidade para o mercado internacional da soja e de redefinição para as estratégias de comercialização para os produtores brasileiros, que precisam manter total atenção aos componentes que formam o tripé de preços para a soja nacional: preços em Chicago, prêmios e dólar.
Assim, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, traçou os cenários possíveis para o que há ainda para ser comercializado da safra 2020/21 – cerca de 30% da safra – e também como os negócios com a safra 2021/22. A rentabilidade alta continua a ser esperada, porém, tudo depende de boas operações, estruturadas e que contem com boas estratégias.