O mercado da soja na Bolsa de Chicago foi bastante e fortemente marcado pela volatilidade promovida pelas previsões climática para o Corn Belt para este mês de junho. Em 48 horas, a CBOT registrou oscilações de mais de US$ 1,00 por bushel confirmando e reforçando este cenário, como explicou o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
A semana foi também mais curta, tanto para o mercado internacional, quanto nacional, já que na segunda (31) foi comemorado o Memorial Day nos EUA e o feriado de Corpus Christi no Brasil na quinta-feira (4). Assim, de terça a sexta-feira, os futuros da soja negociados em Chicago acumularam ganhos de mais de 2% entre seus principais vencimentos.
O vencimento julho/21 subiu de US$ 15,48 para US$ 15,83 por bushel, com alta de 2,26%, e o novembro/21 de US$ 13,97 para US$ 14,35, subindo 2,72%. E somente nesta sexta, as posições mais negociadas subiram mais de 2% ou mais de 30 pontos, refletindo, novamente, seus fundamentos e a preocupação com o clima nos EUA.
“Junho tende a ser mais quente e seco. E com isso há mais riscos sobre a mesa”, afirma Fernandes. O consultor fala sobre os riscos diante não só da preocupação com o cenário preocupante para este mês, mas também dos frágeis estoques de soja não só nos EUA, mas também no Brasil.
De acordo com informações apuradas pela Labhoro, junho pode ser marcado por volumes menores de chuvas em estados como Dakotas do Norte e do Sul, além de poderem registrar também baixa umidade relativa do ar.
“O mercado continuará em alerta, até porque os modelos climáticos não indicam chuvas significativas para boa parte dos EUA, exceto para estados do Sul, nas próximas 48 horas, incluindo o modelo GFS, que está com previsões mais otimistas do que os demais”, explica Ginaldo de Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro.
Os estados do Kansas, Nebraska, o sul de Minnesota e o Iowa deverão ter menos chuvas nos próximos dez dias. Ainda assim, “muitos players acreditam que ainda é cedo para indicar qualquer risco de quebra para esta safra no início de junho, quando o plantio está sendo finalizado”, explica Sousa.
DEMANDA
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de vendas para exportação nesta sexta-feira (4) – como exceção já que houve feriado na última segunda-feira (31) – com números dentro das expectativas do mercado, porém, fracos.
As vendas de soja da safra velha dos Estados Unidos foram de 17,8 mil toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre o cancelamento de 100 mil e vendas de 200 mil toneladas. O maior volume foi adquirido pelos japoneses. No acumulado do ano comercial, as vendas americanas chegam a 65,136,9 milhões de toneladas, volume bem maior do que há um ano, quando eram pouco mais de 42 milhões de toneladas.
Os EUA venderam ainda 180,3 mil toneladas de soja da safra 2021/22 frente ao intervalo esperado pelo mercado de 0 a 400 mil toneladas, sendo a maior parte para destinos não revelados.
MERCADO BRASILEIRO
Nos portos, os preços da soja também cederam na semana, porém, de maneira mais comedida. O que Chicago trouxe de ganhos foi, em partes, neutralizado pelas baixas do dólar. Na semana, a moeda americana cedeu R$ 3,41%, para terminar a sexta-feira com R$ 5,03, menor patamar desde 10 de junho de 2020.
Além de Chicago, os prêmios ajudaram a dar suporte às cotações no Brasil, já que de agosto em diante oscilam entre 50 e 150 cents de dólar por bushel acima das referências praticadas na Bolsa de Chicago.
Assim, em Paranaguá, a soja disponível caiu 1,71% para R$ 172,00 e em Rio Grande, 0,29% para R$ 170,50,00 nos indicativos para a safra 2020/21. Para a safra nova, baixas de 0,63% e 0,64% para R$ 159,00 e R$ 156,00 por saca, respectivamente.