Apesar do início de semana ainda fraco para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, que segue pressionado pelas condições favoráveis de clima nos Estados Unidos, o mercado brasileiro segue registrando bons momentos e referências importantes para o sojicultor, apesar das recentes correções que apresentou nos últimos dias.
“O mercado brasileiro, também por conta dessas quedas em Chicago, perdeu bastante. Dá para dizer que nos portos a saca perdeu até R$ 10,00, voltando para perto de R$ 174,00, muito por Chicago, mas também pelo dólar, que cedeu um pouco na última semana. Mas, as compras chinesas foram um fator que impediram os preços de cairem mais. Não temos problema de demanda agora, nem interna, nem para exportação. Então, eu entendo que sejam preços ainda muito favoráveis para o produtor”, explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez.
Ainda segundo o analista da Safras & Mercado, o produtor dá sinais de que tende a especular um pouco mais com o restante da soja 2020/21, apostando na volatilidade e nos picos de preços que o mercado climático americano poderia vir a trazer.
“Estamos com praticamente 70% da soja brasileira 2020/21, ele está bem capitalizado, e parece que quer arriscar um pouco mais no segundo semestre, pegando um auge do mercado climático americano. Lembrando que nada é garantido, mas sabemos que neste ano o mercado climático tende a ser mais sensível, principalmente a problemas, porque os estoques americanos são muito baixos”, complementa.
Para a safra 2021/22, o produtor brasileiro conta com os mais elevados patamares para um início de safra – que ainda nem começou a ser plantada – , apesar do recuo registrado nos indicativos nas últimas duas semanas em função das baixas do dólar e de Chicago.
Ainda como epxlica Gutierrez, são cerca de 15% da nova safra já comercializada, a maior parte com o sojicultor efetivando operações de barter e aproveitando bons momentos que teve para a fixação de seus custos de produção.
“E eu acho que é uma baita estratégia do produtor já que isso ajuda o produtor a travar custo para sua safra nova e fazer um hedge natural em cima da sua produção. Então, o momento é favorável e o produtor tem que começar a avançar nas vendas, ir garantindo os custos e também ir fazendo um hedge para sua safra”, afirma o analista da Safras.
Além da demanda forte para exportação, com o lineup cheio no Brasil pelo menos até agosto, inclusive para farelo e óleo de soja, além do proprio grão, a demanda interna no Brasil também segue firme, sem grandes sobresaltos mesmo diante da redução do mandatório do biodiesel de 13% para 10% ainda em vigor.
“Os esmagadores estão aproveitando essa boa demanda por exportação (de farelo e óleo) do Brasil para vender pra fora. Então, o mercado está aquecido e ainda não vimos nenhum grande impacto na questão do subprodutos”, diz.
BOLSA DE CHICAGO
Nesta segunda-feira, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com estabilidade, recuando nos primeiros contratos e testando leves ganhos nos mais distantes. O julho termina o dia com US$ 15,22 e o novembro com US$ 13,62 por bushel.
“Um dia clássico de mercado climático americano”, afirma Luiz Fernando Gutierrez.
O final de semana foi de boas chuvas para as principais regiões produtoras e os mapas para os próximos dias seguem indicando volumes consideráveis de precipitações que deverão chegar a todo o Corn Belt.