Depois da disparada inicial dos preços da soja na Bolsa de Chicago, os futuros da soja pisaram no acelerador e encerraram o dia com leves ganhos apenas, de 1,25 a 6,25 pontos nos contratos mais negociados. O janeiro fechou com US$ 13,16 e o março, US$ 13,21 por bushel no pregão desta segunda-feira (4), o primeiro de 2021. Ao longo do dia, as altas chegaram a se aproximar dos 40 pontos.
O mercado da soja acompanhou o recuo dos demais mercados – que também subiam expressiva e intensamente no início do dia – e em partes refletindo as novas preocupações com os desdobramentos da pandemia do coronavírus. A notícia mais forte veio com a confirmação de que a Inglaterra voltará ao lockdown a partir da meia-noite.
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As preocupações com as vacinas ajudaram a dar o tom mais amenos aos mercados e também ajudou a pesar sobre as commodities. Os preços do petróleo terminaram o dia com baixas de mais de 2% para o Brent na Bolsa de Nova York, depois de renovar máximas em vários meses, mais cedo.
No entanto, analistas e consultores do mercado seguem reafirmando que o momento do mercado da soja ainda é bastante positivo, com os futuros da oleaginosa ainda carregando muita força dos fundamentos, especialmente a menor oferta da América do Sul, a demanda ainda forte e os estoques ajustados dos Estados Unidos.
“O mercado não está preparado para uma previsão de quebra de safra de 14 a 15 milhões de toneladas”, explica Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities. O Brasil sai de seu potencial de 135 para algo abaixo de 128 milhões de toneladas; a Argentina de 53 para 46 milhões e mais as perdas esperadas para o Paraguai e o Uruguai em função das adversidades climáticas.
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E sobre os estoques americanos, o mercado já se ajusta à espera do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega no dia 12 de janeiro, onde os números poderiam ser revisados para baixo, bem como elevados os números para as exportações do país. O total estimado para ser exportado na safra 2020/21 já foi mais de 80% comprometido e a temporada se estende até 31 de agosto.
Mais do que isso, há ainda os estoques trimestrais em 1º de dezembro, os quais serão reportados também na próxima terça-feira (12) pelo USDA e, corrigidos para menos, podem também ser mais combustível para as cotações na CBOT.
No front da demanda, enquanto isso, a força continua, mas podendo sentir os efeitos desta inflação. Soma-se a isso, ainda, a atenção que deve ser direcionada à nova safra de grãos dos Estados Unidos e a disputa por área entre soja e milho que deverá ser travada em função desse consumo maior.
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PREÇOS NO BRASIL
Para o mercado brasileiro de soja, o dia não teve tanta regularidade e baixas e altas foram registradas no interior do país. Parte do suporte veio do fechamento positivo na Bolsa de Chicago, mas também da inversão do dólar. A moeda americana terminou o dia com alta de mais de 1,5%, valendo R$ 5,27, mas no início dos trabalhos recuava mais de 1% frente ao apetite pelo risco mais forte entre o mercado financeiro.
Nos portos, os preços subiram nesta segunda-feira. Em Paranaguá, alta de 2,60% no disponível, para R$ 158,00 por saca e de 2,61% em Rio Grande, para R$ 157,50. Para fevereiro, no terminal paranaense, ganho de 1,94% também para R$ 158,00. Já o março/21 em Rio Grande recuou 2,91% e fechou o dia com R$ 150,00.
A semana começa ainda com negócios limitados, vendedores retraídos e o ano começando para novas oportunidades. A colheita acontece de forma bastante pontual no Brasil, apenas em áreas de Mato Grosso onde ocorrerá o plantio do algodão na sequência, e os produtores precisam de mais certeza de seus resultados para voltar aos negócios.