“A especulação segue ditando o tom das cotações em Chicago neste momento. Então, essas variações muito rápidas em um curto espaço de tempo pouco tem a ver com os fundamentos”, explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, ao explicar essa volatilidade tão intensa registrada pelos futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago nesta semana. Os futuros da oleaginosa, depois de terem testado os dois lados da tabela, terminaram o pregão desta quarta-feira (26) com leves baixas.
Ao longo do dia, o mercado seguiu refletindo as notícias “indo e vindo” sobre a demanda da China – principalmente pelo milho nos EUA – a interferência do governo chinês no mercado de commodities e também o cenário favorável de clima nos Estados Unidos neste momento, que permite um bom avanço dos trabalhos de campo e do desenvolvimento da safra 2021/22 nos Estados Unidos.
No entanto, ainda como explicou Palavro, embora as baixas estejam acontecendo, se mostrem significativas e já cheguem ao mercado físico brasileiro – para a soja e também para o milho – é importante lembrar que os fundamentos não se alteraram. “Temos ainda problemas de oferta e uma demanda que segue muito firme, não podemos negar isso”, diz.
Mais do que isso, o analista afirma também que embora a demanda chinesa tenha dado alguns sinais de preocupação nos últimos dias, principalmente em função de algumas dificuldades da suinocultura, o consumo pela nação asiática da oleaginosa continua focada no Brasil neste momento – onde a soja é mais competitiva neste momento – e tende a se manter assim, pelo menos, até agosto.
“Eu realmente acredito que o mercado está buscando uma realização neste momento e a posição dos fundos nos mostra isso, mas não tivemos grandes mudanças nos fundamentos para que os preços passem a operar em patamares muito diferentes destes que se observam agora. Acredito que as baixas são passageiras e que, daqui a pouco tempo, o mercado pode voltar a reagir, principalmente se receber notícias agravantes sobre a condição da oferta”, diz.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os produtores seguem se mostrando mais cautelosos e evitando novos negócios agora. E na perspectiva da Pátria, para a soja disponível há boas oportunidades reservadas a frente, também para o milho.
Para a safra 2021/22, também pelos fundamentos, deverá se iniciar também com patamares altos, muito maiores do que no mesmo período do ano passado e conferindo bons momentos aos sojicultores brasileiros, com patamares já acima dos R$ 150,00 por saca.
“O recado é que a sinalização do mercado nos mostra que, no longo prazo, não temos sinais de quedas abruptas nesse mercado, porque vamos passar mais um ano com estoques muito próximos do que já estamos. Salvo aconteça alguma coisa – e esse salvo nunca podemos descartar – pode vir alguma novidade que impacte os preços no sentido contrário. Então, o produtor não precisa especular com a safra inteira, mas pode saber que há uma perspectiva de solidez do mercado”, afirma Cristiano Palavro.