Os preços da soja terminaram o pregão desta quarta-feira (14) com boas altas sendo registradas nos principais vencimentos, principalmente levando os primeiros contratos de volta ao patamar dos US$ 14,00 por bushel. “Tivemos um mercado refletindo fundamentos já consolidados. Temos estoques apertados no mundo, que se somam a uma demanda firme, apesar de preocupações com a China, e uma safra brasileira que, apesar de grande, já tem grande parte do seu volume já negociado”, explica o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro.
Assim, as posições mais negociadas finalizaram o dia com altas de 12,75 a 20,50 pontos, com o maio sendo cotado a US$ 14,10 e o setembro, já começando a refletir a nova safra norte-americana, valendo US$ 12,96 por bushel.
O mercado também monitora o início da nova safra norte-americana, as perspectivas de área – ainda menores do que as expectativas do mercado – as condições de clima e o ritmo dos trabalhos de campo. No entanto, ainda segundo Palavro, a temporada está apenas começando e ainda sem exercer uma pressão muito severa sobre o andamento das cotações na CBOT, principalmente frente a uma relação atual muito apertada entre oferta e demanda.
“Não vejo riscos para a demanda global puxados pela demanda da China. Não vejo que a China continuará perdendo demanda. Os preços acabam tendenciando um racionamento da demanda, mas acredito que eles precisarão subir um pouco mais para que isso se concretize com mais intensidade”, explica o diretor da Pátria.
Dessa forma, o analista acredita que os contratos mais longos devem trabalhar de forma a se aproximarem mais dos vencimentos mais curtos, justamente na necessidade de refletirem o atual quadro de estoques ajustados enquanto a demanda segue crescendo.
Um dos impulsos para os preços da soja veio também dos derivados e, nesta quarta, mais especificamente do óleo, que subia mais de 2% na tarde de hoje. As primeiras posições já operavam acima dos 54 centavos de dólar por libra-peso. No farelo de soja, as cotações também avançavam e registravam ganhos próximos a 1% na CBOT.
A demanda por óleos vegetais segue forte, enquanto a oferta ainda é limitada depois das perdas nas safras de matérias-primas na última temporada, como palma na Ásia, girassol na Europa, e canola no Canadá, além da soja na Argentina e nos Estados Unidos. Com isso, os preços nao só do óleo de soja, mas também de outros registram preços historicamente elevados.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, as cotações da soja permanecem altas e bastante remuneradoras, ainda oferecendo boas oportunidades de negócios aos produtores. Parte disso vem do mercado cambial, com o dólar ainda em alta e com sinalizações de manutenção dos atuais patamares. “O produtor brasileiro deve sentir um mercado ainda firme para sua soja e com um 2022 ainda bastante promissor”, afirma Cristiano Palavro.
As referências para a soja nos portos do Brasil, portanto, vêm registrando alguns de seus melhores momentos, com a posição agosto para a safra 2020/21, por exemplo, dando chance de até R$ 184,00 por saca, relata Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.