Os preços da soja fecharam o pregão desta quarta-feira (10) com baixas intensas de 24,75 a 30,25 pontos nos principais vencimentos, levando as primeiras posições a se aproximarem dos US$ 14,00 por bushel, mais do que superarem este patamar. Assim, o março encerra com US$ 14,11 e o maio, US$ 14,09 por bushel. O agosto foi a US$ 13,55.
Como explicou o chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França, as baixas foram reflexo de uma combinação de um movimento de realização de lucros, de condições melhores de clima nos Estados Unidos e do mercado entendendo que, apesar das perdas de qualidade, o Brasil ainda terá uma safra grande.
Da mesma forma, acredita que o corte agressivo da safra de soja da Argentina pela Bolsa de Rosário – de 49 para 45 milhões de toneladas – foi apenas uma confirmação do que vinha sendo esperado e precificado pelo mercado. E assim, a baixa, portanto, não foi novidade suficientemente forte para ser refletida pelas cotações na CBOT.
Ao lado das informações de oferta, a demanda mais tímida da China neste momento, em função de estar agora bem coberta e de olho na oleaginosa brasileira agora, em detrimento da norte-americana por conta desta primeira estar mais barata, também ajuda a manter pressionado o mercado na Bolsa de Chicago.
Todavia, França reafirma que trata-se de uma condição de momento e que isso não significa menos demanda chinesa nos próximos meses.
E o sentimento é, de fato, que os preços podem continuar subindo até que a oferta volte a se equalizar, com a chegada de uma nova safra dos Estados Unidos que precisa ser beneficiada pelo clima e chegar cheia ao mercado. Afinal, o mometo é de escassez e o que se espera, ainda segundo França, “é uma entressafra longa”.
PREÇOS NO BRASIL
No Brasil, com forte suporte que ainda é observado no mercado, apesar da despencada dos futuros da oleaginosa na CBOT e mais do dólar frente ao real – de mais de 2% – algumas praças de comercialização do interior do país viram os preços continuarem a subir nesta quarta-feira.
Em Rio do Sul/SC, alta de 0,61% para R$ 166,00 por saca, em Jataí e Rio Verde, ambas em Goiás, ganho de 0,62% para R$ 162,00 e de 0,93% no Oeste da Bahia, para R$ 163,25 por saca.
Nos portos, porém, os indicativos caíram. As baixas foram de mais de 1% e os preços fecharam o dia com valores entre R$ 173,00 e R$ 175,00 por saca, entre spot e abril, entre Rio Grande e Paranaguá. Em Santos, mantidos os R$ 180,00 para junho.
A postura dos vendedores agora, porém, é bastante cautelosa, sem a efetivação de novos negócios. Há muito da safra 2020/21 de soja já comprometida com a comercialização e o produtor agora aguarda por melhores preços para voltar mais agressivamente ao mercado.