Ontem, quinta-feira (18), os preços da soja fecharam o dia em campo negativo na Bolsa de Chicago, com perdas de 4,25 a 8,75 pontos nas posições mais negociadas. O contrato março/21 terminou a sessão com US$ 13,75 e o agosto, US$ 13,21 por bushel.
Parte da pressão sobre os futuros da oleaginosa veio dos números reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) durante o primeiro dia do Agricultural Outlook Forum sobre a área de plantio da safra 2021/22.
As primeiras estimativas “semi-oficiais” do USDA indicam um aumento de área para soja e milho nos Estados Unidos e juntas as culturas deverão alcançar os 73,65 milhões de hectares (182 milhões de acres), contra o total do ano passado de 70,38 milhões de hectares. O número, se confirmado, será recorde.
Somente para a soja, as primeiras projeções do USDA indicam uma área de 36,42 milhões de hectares (90 milhões de acres), quase em linha com a média das expectativas do mercado de 36,34 milhões de hectares (89,8 milhões de acres).
O aumento esperado na área, embora ainda dependa de inúmeros fatores, pesou sobre o mercado nesta sessão, bem como a ausência da China no mercado norte-americano e do comportamento técnico de correção dos preços depois das altas do início da semana.
“O relatório foi “morno”, sem muita novidade para a especulação. Vejo o movimento de hoje sendo mais técnico do que fundamental”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios.
Assim, o especialista acredita que as baixas foram apenas pontuais e que o viés de alta segue mantido para o mercado da soja na Bolsa de Chicago.
“Só que agora, o mercado precisa de quebras de oferta para garantir o sustento das altas agressivas no médio/longo prazo, quebras na América do Sul ou na América do Norte. Além de ser importante lembrar que o plantio nos EUA já se inicia em março em algumas regiões”, complementa.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, as variações nos preços foram apenas pontuais e ficaram limitadas ao interior do país. As referências acompanharam as baixas observadas em Chicago, sendo equilibradas pela alta do dólar frente ao real. Nos portos, as cotações permaneceram estáveis.
Os novos negócios ainda são muito raros, já que há ainda problemas sendo registrados na colheita, que segue atrasada. “Ninguém quer vender, o produtor está colhendo e entregando contratos”, diz Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Segundo Brandalizze, os indicativos nos terminais permanecem entre R$ 166,00 e R$ 170,00 por saca, para embarques entre abril e agosto.
“O que notamos são os grandes importadores querendo os contratos. Como temos mais de 75 milhões de toneladas negociadas antecipadamente, os compradores querem receber esses volumes para depois voltarem a se posicionar. E talvez, quando voltarem, podem até estimular melhores patamares de prêmios para estimular também os negócios”, diz.