Como não poderia ser diferente, o mercado da soja registrou mais uma semana intensa e de altas acumuladas importantes. O contrato julho/21, que é o mais negociado agora, subiu 1,19%, cotado a US$ 15,34 e o agosto/21 a US$ 14,71, com alta de 0,27%. Esta foi a terceira semana consecutiva de avanço para as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago, mesmo depois de baixas fortes e um movimento severo de correções dos ganhos sendo observados na terça, quarta e quinta-feiras.
Somente na sexta-feira, a soja encerrou seu pregão na CBOT subindo entre 24,75 e 32 pontos nas posições mais negociadas, mais uma vez estimulada pelo avanço das cotações do óleo de soja – que também têm altas fortes no balanço semanal e, assim como o grão, com três semanas positivas – e pelas preocupações com o clima nos Estados Unidos.
ÓLEO DE SOJA
Os futuros do óleo de soja registraram ganhos expressivos nos últimos dias, com o contrato julho/21 subindo 6,14% em relação à última sexta-feira (23), fechando em 62,39 cents de dólar por libra-peso e o agosto, 4,30% para 57,47 cents/lb.
O mercado do derivado continua refletindo estoques globais muito apertado de óleos vegetais de toda a natureza, não só de soja e, especificamente na Bolsa de Chicago, a realidade americana, onde a demanda segue muito intensa, principalmente no setor do biodiesel.
IMPORTAÇÃO DE SOJA DOS EUA NO BR
A demanda é tão forte e a escassez é tão latente que as indústrias norte-americanas estão de olho na soja brasileira. Além da falta de produto nos EUA, a oleaginosa aqui conta ainda com preços mais atrativos diante dos prêmios que estão negativos para o produto disponível.
“Os prêmios aqui estão fazendo o papel de incentivar a demanda. As contas mostram que comprando a soja no Brasil com esse prêmio, as margens ficariam, em média, nos US$ 30,00 por tonelada, o que é uma boa margem”, explica Eduardo Vanin, também analista de mercado da Agrinvest. E ele lembra ainda que em 2014 – quando os prêmios marcaram valores semelhantes aos atuais – o Brasil embarcou 1 milhão de toneladas de soja para os Estados Unidos. “Será que vamos repetir isso?”, completa.
Os prêmios da soja norte-americana não estão altos somente nos portos, sobre o produto para exportação, mas também internamente. Os estoques americanos são escassos e a demanda interna é crescente, principalmente pelo óleo, que também vem registrando seus preços mais altos dos últimos anos.
E esse movimento foi, inclusive, um dos fatores de pressão sobre as cotações da soja em Chicago ao longo da semana.
CLIMA NOS EUA
Para os próximos dias, algum alívio para a seca que ainda persiste em pontos importantes dos EUA deverá ser observado. “Até o dia 3 de maio, outro sistema do Pacífico entrará no país. Prevê-se que esses sistemas climáticos espalhem cerca de 25,6 mm ou mais de precipitação nas planícies do sul, no vale do baixo a médio Mississippi, nos vales do Tennessee e Ohio, no sul dos Grandes Lagos e no nordeste. Volumes de 76,8 mm ou mais do Texas ao Arkansas e ao longo do rio Ohio”, informaram os responsáveis pelo Drought Monitor.
O mapa abaixo mostra as chuvas esperadas para as próximas 72 horas nos Estados Unidos – entre 1 e 4 de maio – com os mairos volumes sendo esperados para o Texas, Louisiana e Arkansas.
“O cenário climático para as áreas de soja e milho nos Estados Unidos segue estável. Sabemos de problemas no lado oeste dos EUA, porém preocupações que recaem sobre as área de trigo de inverno, algodão e pastagens”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios. “Hoje, acreditamos que o plantio de soja e milho segue acelerado, devendo trazer surpresas no relatório de segunda-feira”, complementa.
O NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, atualizou suas previsões mais alongadas e mostra a continuidade das temperaturas abaixo da média para estados mais ao leste do Corn Belt, em estados como Illinois, Iowa, Indiana, Ohio, Wisconsin, entre outros (nas áreas coloridas em azul) como mostra o mapa abaixo, para o período de 6 a 10 de maio.
Já os mapas que mostram as previsões para a chuva mostram volumes acima da média para o período também na porção leste do cinturão (áreas em verde).
“Mais do que o clima, o mercado vai acompanhar o ritmo do plantio nos EUA. E a volatilidade tende a se intensificar muito, pelo menos, até 15 de junho”, explica Ênio Fernandes, consultor em agronegócios da Terra Agronegócios.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, a semana também foi de altos e baixos, se encerra com bons preços ainda sendo praticados e oferecidos aos produtores brasileiros, porém, se distanciando dos melhores momentos do ano, quando as referências se aproximavam de R$ 190,00, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Os negócios também ficaram mais escassos, com os produtores acreditando em posições melhores, mais elevadas para voltarem ao mercado.
“Por aqui ficaremos na dependência do dólar, que recuou em relação à semana passada, e isso se reflete nas cotações. Na semana passada, os portos davam chance de até R$ 185,00 para maio. E nesta sexta-feira se falou em preços entre R$ 175,00 e R$ 176,00”, complementa Brandalizze.
No interior, os indicativos também sentiram a pressão e registraram baixas de até R$ 5,00 por saca nas principais regiões produtoras e de comercialização.