Você deve estar se perguntando, por que pensar no desenvolvimento de revestimentos para ovos se ele possui uma “embalagem naturalmente perfeita”? Realmente, a embalagem do ovo, a casca, protege muito bem o seu conteúdo do meio externo, mas ela não protege do efeito do tempo, tornando o ovo um produto perecível. Logo após a postura a qualidade do albúmen se reduz, há perda de água e CO2, aumento da câmara de ar, alteração da viscosidade e aumento do pH ocasionando perda de peso do ovo.
Atualmente, alternativas estão sendo testadas para prolongar a vida útil dos ovos e reduzir o desperdício de alimentos. Muitas pesquisas já demonstraram que o uso de revestimentos apresenta resultados favoráveis na manutenção da qualidade interna de ovos durante o armazenamento, principalmente em temperatura ambiente. Ao longo do tempo várias substâncias foram utilizadas na preparação de revestimentos, com destaque para os produtos naturais como polissacarídeos, proteínas e lipídios, além da combinação dessas substâncias com outras com ação antimicrobiana. Considerando o atual cenário do mercado consumidor, que prioriza a compra de produtos sustentáveis, livres de resíduos e com segurança alimentar, há uma necessidade de mais pesquisas para desenvolver revestimentos confeccionados a partir de matérias orgânicas de baixo custo e fácil aplicabilidade
O revestimento comestível é uma tecnologia ecologicamente correta que pode influenciar positivamente as propriedades de diferentes alimentos e aumentar o tempo de prateleira. Dentre os revestimentos comestíveis, há um crescente interesse pela utilização de subprodutos agrícolas que possuí uma ampla literatura com eficiência comprovada na conservação de frutas e hortaliças, permanecendo lacunas quando se trata do uso dessa tecnologia na conservação de ovos.
Autoras:
Paula Gabriela da Silva Pires é médica-veterinária e doutora em Zootecnia;
Caroline Bavaresco é zootecnista e doutora em Zootecnia;
Priscila de Oliveira Moraes é eng. Agrônoma, doutora em Zootecnia e professora da UFSC.
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