Uma primavera com poucas adversidades climáticas fez com que os agricultores dos Estados Unidos entrassem no verão com a expectativa de safras volumosas de soja e milho – embora inundações recentes e o calor do verão ainda possam atrapalhar esse progresso inicial. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) publicará na sexta-feira (28) seus relatórios de área plantada e trimestral de estoques. Analistas consultados pelo Wall Street Journal preveem que a área plantada deverá superar as estimativas de março do USDA.
Segundo os analistas, produtores devem ter semeado 90,269 milhões de acres (36,53 milhões de hectares) com milho durante a primavera, ante 90,036 milhões de acres (36,44 milhões de hectares) projetados em março. A área semeada com soja nos EUA deve ser estimada em 86,861 milhões de acres (35,15 milhões de hectares), acima da previsão de março, de 86,51 milhões de acres (35 milhões de hectares). Já a área total de trigo deve ser elevada de 47,498 milhões de acres (19,22 milhões de hectares), em março, para 47,577 milhões de acres (19,25 milhões de hectares).
Para o milho, isso representaria uma queda de mais de 4 milhões de acres (1,62 milhão de hectares) em relação ao plantio do ano passado, enquanto para a soja seria um aumento de mais de 3 milhões de acres (1,21 milhão de hectares). Para o trigo, a estimativa representaria queda de cerca de 2 milhões de acres (809 mil hectares).
O que pode dar suporte aos números de produção de milho e de soja são rendimentos recordes. As projeções de rendimento só serão atualizadas pelo USDA em seu próximo relatório mensal de oferta e demanda, em 12 de julho, mas as expectativas atuais são de recordes históricos.
Para o milho, o USDA espera atualmente um rendimento médio de 181 bushels por acre (11,36 toneladas por hectare). Se confirmado, isso representará aproximadamente 4 bushels por acre a mais do que o recorde anterior, estabelecido no ano passado. A produtividade da soja é estimada em 52 bushels por acre (3,50 toneladas por hectare), o que seria 0,1 bushel a mais do que o recorde anterior, estabelecido em 2016.
Com esses altos rendimentos, traders e analistas não estão preocupados com um possível aperto da oferta. “É justo dizer que a expectativa é de que os EUA tenham oferta abundante de milho, trigo e soja ao fim desse ano comercial (2024/25)”, disse Jake Hanley, diretor-gerente da Teucrium Trading.
Os preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) refletem uma falta de ansiedade em relação à oferta. Os futuros de milho foram negociados entre US$ 4 e US$ 5 por bushel em 2024, e caíram cerca de 5% nos últimos 30 dias, de acordo com dados da FactSet. Os futuros da soja fecharam em $ 11,07 por bushel na quarta-feira, o que é o nível mais baixo em cerca de três anos e meio.
Fundos de investimento continuavam vendidos em grãos durante a primeira metade de junho – outro sinal de sua relutância em adicionar prêmio de risco climático às cotações.
No entanto, analistas e traders reconhecem que o clima de verão é imprevisível e sempre carrega o potencial de alterar drasticamente o resultado das safras. Mesmo assim, os preços mostraram pouca variação após chuvas excessivas que provocaram enchentes em Estados do noroeste do Meio-Oeste, como Minnesota e Iowa. Uma onda de calor que está castigando as lavouras de trigo em Estados do Sul também teve pouco impacto sobre os preços.
Isso pode mudar após o relatório de sexta-feira, disse Donna Hughes, consultora sênior de gerenciamento de risco da StoneX. “Talvez as inundações, o clima, etc. voltem mais ao foco,” disse Hughes.
Quanto ao relatório trimestral de estoques, os analistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperam que as reservas de soja nos EUA em 1º de junho deste ano sejam estimadas em 957 milhões de bushels (26,05 milhões de toneladas), em comparação a 796 milhões de bushels (21,67 milhões de toneladas) um ano antes. O USDA deve estimar que os estoques de milho no começo do mês somavam 4,867 bilhões de bushels (123,62 milhões de toneladas), em comparação a 4,103 bilhões de bushels (104,22 milhões de toneladas) em igual data do ano passado. Já os estoques de trigo em 1º de junho devem ser estimados em 682 milhões de bushels (18,56 milhões de toneladas), em comparação a 570 milhões de bushels (15,51 milhões de toneladas) um ano antes. (Com informações da Dow Jones Newswires)