“Se o clima tinha um peso sobre os preços este ano, esse peso foi multiplicado por três”, afirmou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, sobre os números que foram trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu boletim de área plantada no país nesta quarta-feira (30).
A área de soja foi mantida em 35,45 milhões de hectares, mesmo número de março, enquanto a média das expectativas era de 36,08 milhões. Assim, em relação à safra anterior, o aumento da área de soja nos EUA é de 5%.
O mercado vinha esperando pelo reporte com bastante ansiedade e apostando em um aumento da área de soja em relação aos números apresentados pelo USDA em março. No entanto, a oleaginosa apresentou manutenção da área nos 35,45 milhões de hectares, surpreendeu o mercado que fechou o pregão com altas de 83,50 a 90,25 pontos entre os prinipais contratos. O julho terminou o dia, dessa forma, sendo cotado a US$ 14,50 e o novembro a US$ 13,99 por bushel.
Diante dessa área que não cresceu tanto quanto se esperava, a pressão sobre a nova safra dos Estados Unidos se intensifica muito, principalmente com os estoques norte-americanos da oleaginosa já muito apertados. “Esses próximos dois meses serão determinantes para definir o aperto dos estoques americanos”, diz Vanin.
Julho é bastante importante para o rendimento do milho e agosto, no caso da soja. Até que este potencial seja compreendido, a volatilidade deve se intensificar, “porque essa área traz muito pouco refresco”, com os números como estão sinalizando estoques nos EUA para apenas 12 dias. “A dependência toda fica em cima da produtividade, pelo USDA, é outro fator complicador”.
Para que se alcance a média prevista até então, seria necessário um clima perfeito do início ao fim. “Junho começou mal, deu uma melhorada nos últimos dez dias, mas vai voltar a piorar. Há uma onda de calor no Canadá que já está dando uma estressada em tudo por lá, canola bateu dois limites de alta, e essa onda de calor vem e fica em cima do norte dos EUA, no oeste do cinturão”, explica o analista.
Ainda assim, também segundo Vanin, os ajustes nos índices de rendimento para a soja norte-americana pelo USDA deverão chegar somente no boletim mensal de oferta e demanda de agosto, quando o quadro climático pesa mais sobre as lavouras. Assim, os reportes semanais de acompanhamento de safras serão também acompanhados bem de perto.
Os novos números sinalizam uma possibilidade de avanço dos preços, porém, ainda segundo Vanin, o que se pode afirmar agora é que o mercado pode ficar ainda mais volátil por estar “na dependência de um fator que é muito imprevisível”.
MERCADO BRASILEIRO
A disparada dos preços da soja na Bolsa de Chicago puxou também a formação dos preços no mercado brasileiro. No mercado físico, os ganhos nas principais praças de comercialização variaram de 1,43% – em Rio do Sul, Santa Catarina – a 7,32% em Rondonópolis, Mato Grosso. Assim, os indicativos ficaram em, respectivamente, R$ 142,00 e R$ 154,00 por saca.
Nos portos os preços também apresentaram condições melhores de preços e negócios, afinal, o dólar também subiu nesta quarta-feira e fechou com R$ 4,97.
“O que temos batido na tecla e tem dado muito certo é a operação caixa. Fazer suas vendas, avançar na comercialização e fazer seguro de alta. Ainda mais neste momento em que Chicago está sendo a perna que mais contribui mais positivamente para o preço da soja no Brasil. Isso para a safra atual, soja disponível, e para a safra nova”.