As altas temperaturas do verão impactam diretamente o processo produtivo das aves, requerendo conhecimento dos avicultores para aplicar as práticas corretas e garantir o bom desenvolvimento dos animais. Quem dá dicas sobre o assunto é o médico-veterinário Luiz Felipe Moura de Sousa, coordenador de território da unidade de negócio de Avicultura da MSD Saúde Animal.
Acompanhe abaixo os principais tópicos de atenção com as aves em períodos de clima quente:
- Formação de um novo lote: nessa etapa, é preciso ter cuidado com a densidade das aves por metro quadrado. “O ideal é que se tenha menos aves por metro quadrado e uma melhor renovação de ar dentro do aviário. Também é indicado o uso de divisórias dentro do galpão, para evitar que as aves migrem muito ao procurar por lugares frescos, o que faz aumentar a densidade em alguns pontos”, explica Luiz Felipe.
- Temperatura da água: um fator muito importante na avicultura é a temperatura da água de bebida, principalmente na fase inicial, enquanto o aquecimento do aviário é realizado. Assim, os produtores precisam estar atentos e realizar o flushing (renovação da água) o maior número de vezes possível. Isso porque as aves diminuem o consumo com a água acima de 24°C e praticamente cessam o consumo com a água acima de 26°C. Por isso, orienta o médico-veterinário, é importante sempre avaliar temperatura, mantendo-a por volta de 20°C.
- Ventilação: na fase inicial, as aves não toleram incidência de corrente de ar diretamente nelas. Luiz Felipe detalha: “Caso isso ocorra, elas vão sair da área de ventilação e tendem a ficar paradas. Então, é preciso trabalhar uma ventilação que não seja direta nos animais e que tenha uma menor velocidade, mas sempre realizando a renovação do ar”.
Já após os vinte dias de idade da ave, é necessário utilizar ao máximo o sistema de ventilação, seja em galpão de pressão negativa, por meio dos exaustores, seja em galpões de pressão positiva, por meio dos ventiladores e cortinas. “Somente após utilizar ao máximo o sistema de ventilação que é indicado utilizar o sistema de refrigeração via água, que são os nebulizadores e a placa evaporativa, pelos quais trabalha a umidade, para diminuir a sensação térmica dentro dos aviários”, diz o profissional.
Especificamente sobre a utilização dos nebulizadores, principalmente em galpões convencionais, deve-se utilizá-los à medida que se tenha todos os ventiladores ligados. “Se não tiver os ventiladores ligados, a nebulização não deve entrar, porque senão essa umidade vai ficar presa dentro do aviário e vai para a cama do frango. Assim, só devemos utilizar o sistema de nebulização com todos os ventiladores ligados, para que essa umidade fique no ar e diminua a sensação térmica dentro do aviário e, ao mesmo tempo, seja possível retirá-la do local.”
A mesma atenção com umidade ocorre no sistema de galpões de pressão negativa. A partir do momento que se tem todos os exaustores ligados e, mesmo assim, a temperatura continua subindo, deve-se entrar com o sistema via água, via placa evaporativa ou nebulizadores, com atenção específica à umidade, que não deve estar acima de 80% nos aviários. “Inclusive, se ela estiver, não deve utilizar nenhum sistema de refrigeração via água. Só deve utilizar com umidade abaixo de 80% e com todo sistema de ventilação ligado, para que essa umidade percorra por dentro do aviário, diminuindo a sensação térmica, e saia pelos exaustores. Assim, precisa-se de velocidade mínima de ar dentro do aviário, para que seja possível retirar a umidade”, destaca Luiz Felipe.
- Iluminação: outro ponto importante a ser trabalhado no manejo de verão é a iluminação, principalmente em galpões convencionais, onde se tem uma maior deficiência estrutural, como ventilação. O médico-veterinário orienta que, nesses períodos mais quentes, em que já existe uma deficiência de ventilação, observa-se que os animais nos aviários tentam fazer uma troca de calor, que é chamado de latente, através da ofegação. Ou seja, a ave vai ficar ofegando para tentar perder temperatura e, enquanto está realizando esse processo, ela está gastando energia da ração que comeu.
“Com isso, temos perdas em duas partes: ela não vai comer enquanto está ofegando e, ainda, gasta a energia do que já comeu na tentativa de baixar a temperatura corporal”, afirma Luiz Felipe. Por isso, o ideal é entrar a noite com a luz apagada, para que a ave possa descansar desse processo, e, na madrugada, no período mais fresco, acender a luz para que a ave, já descansada, possa se alimentar. Depois, quando a temperatura ambiente ficar elevada, essa ave provavelmente vai entrar no processo de ofegação novamente e vai diminuir o consumo.
- Parte estrutural dos aviários: é fundamental fazer a avaliação se realmente tem a quantidade de equipamento necessário de ventilação e de nebulização para a realidade e o tamanho do aviário. “É preciso identificar se o número de ventiladores dentro dos aviários e, principalmente, a forma como estão dispostos estão corretos ou se é necessário redimensionar para melhorar essa condição de troca de ar”, diz o profissional.
Também é preciso conferir se o número de exaustores que se tem nos galpões de pressão negativa é suficiente para entregar uma boa velocidade de ar, acima de 3.5 metros por segundo, para fazer uma boa renovação de ar e manter uma boa sensação térmica, principalmente neste período.