Soja: USDA confirma cenário de recomposição de estoque
O balanço 24/25 de Oferta e Demanda de soja nos EUA traz elementos aos ursos na CBOT. Mesmo com maior demanda por processamento e exportações de soja nos EUA, o estoque da safra nova é projetado maior, reforçando o tom baixista que temos sinalizado. Isso é reflexo da ampla oferta e do crescimento da demanda ainda modesto na visão do USDA.
“Cabe aqui dois pontos de atenção: 1. Há espaço para maior demanda para exportação visto que a safra 23/24 na América do Sul é menor do que a leitura do USDA; 2. O uso de óleo de soja para biocombustíveis é o que tem puxado o processamento de soja nos EUA, qualquer soluço nesta indústria que vem de um cenário de margens apertadas, tende a refletir diretamente no balanço da soja”, observa Thais Italiani, Gerente de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.
“Na América do Sul, o USDA começou a ajustar sua leitura 23/24 de soja e milho Brasil e milho Argentina, porém ainda continua bastante acima das leituras locais. Para a safra nova, 24/25, destaque para o otimismo com o potencial produtivo no Brasil: 169M mt de soja”, diz.
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Milho: Estoque dos EUA indica maior aperto do que o esperado
Os primeiros números do USDA para a safra nova, 24/25, de milho nos EUA, apesar de indicarem aumento do estoque quando comparado a 23/24, veio abaixo da expectativa do mercado.
Segundo Thais, isso demanda atenção, uma vez que a leitura de produção considera um nível de produtividade das lavouras bastante otimista: baseado em tendência histórica de 1988 a 2023, plantio normal e condições climáticas regulares de verão no país. “Cabe relembrar que nos últimos ciclos, o USDA superestimou a produtividade do cereal”, aponta.
“Quanto a América do Sul, é mais um ciclo que começa com expectativas altas em cima das produções de milho do Brasil e da Argentina: 127 e 51M mt, respectivamente”, destaca.
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Trigo: USDA “mais realista que o rei” para a safra russa
Já no trigo, o USDA apresentou estimativas menores em praticamente todos os principais números da safra 24/25, trazendo um forte suporte para os contratos de trigo nesta sexta-feira.
“Começando pelo balanço americano, a produção esperada para a próxima safra ficou em 50.6M mt – ainda acima da temporada passada (49.3M mt), mas abaixo da mediana das estimativas do mercado (52.1M mt), refletindo a piora das condições de safra nas últimas semanas”, comenta Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint.
O USDA também fez, na 24/25, um leve ajuste nas suas estimativas de demanda interna e no estoque inicial, resultando em estoques finais também mais apertados do que o esperado pelo mercado – mas ainda um pouco mais confortáveis do que no ciclo 23/24.
“Olhando para o balanço global, o USDA apontou para mais um ano de estoques apertados. Além de cortes nas estimativas para a safra 23/24 em 0.5M mt, o primeiro número para a safra 24/25 veio quase 5M mt abaixo da mediana das estimativas de mercado. Apesar da expectativa de crescimento da produção global, os menores estoques de passagem e o aumento da demanda contribuíram para os estoques mais apertados”, acredita.
Segundo o analista, “do lado da oferta global, certamente o número mais surpreendente foi o da produção russa em 24/25, estimada pelo USDA em 88M mt. Apesar de não ser um número absurdo, dado o clima adverso enfrentado pelo trigo russo nas últimas semanas, certamente não se esperava que a agência americana fosse “mais realista que o rei” e se antecipasse às consultorias locais, que ainda trabalham com estimativas acima das 90M mt. Apesar da menor safra, a agência americana ainda espera uma Rússia muito relevante no mercado global, exportando 52M mt na safra 24/25″.
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