Garantir o status sanitário diferenciado através da compartimentação é a meta do Ministério da Agricultura.
A Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal, a FACTA, promoveu nesta segunda-feira um webinar para esclarecer o atual estágio da contaminação da avicultura pelo vírus da Influenza Aviária.
Participaram Ariel Mendes, Presidente da FACTA, Sula Alves, Diretora Técnica da Associação Brasileira de Produção de Proteína Animal e Bruno Pessamilio, Médico Veterinário pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Ele Trabalhou como sanitarista e supervisor de granjas de avós em empresas de produção avícola. Atuou por 16 anos no Ministério da Agricultura – MAPA, como Auditor Fiscal Federal Agropecuário, dos quais 15 anos foram na gestão do Programa Nacional de Sanidade Avícola – PNSA. Atualmente realiza treinamentos, capacitações, palestras e consultorias para empresas do setor de produção animal.
Uma vez com confirmação do caso de Influenza Aviária em uma propriedade avícola na cidade de Montenegro (RS), foi colocado em ação o plano de contingência para voltar a situação, explicou Bruno Pessamilio. “O sacrifício das aves já feito, assim como a eliminação dos ovos férteis”, explicou.
Ele destacou a tríade do saneamento, seguido pela avicultura brasileira, que é sacrificar os animais, limpeza e desinfecção. “Tudo está sendo feito para que em 28 dias, à partir do dia da confirmação do caso, seja feito o restabelecimento do status de livre de infecção”, disse. “Nossa expectativa é que a normalidade seja restabelecida na segunda quinzena de junho”, disse Pessamilio.
O plano contempla a contenção de disseminação (restrição de trânsito), mitigar os perigos para operar com a menor possibilidade de risco e restabelecer o status sanitário do país.
Sula Alves detalhou a importância das ações para a manutenção de negócios. “Estamos trabalhando com a possibilidade de zoneamento da avicultura”, afirmou. “Revisão dos certificados sanitários estão sendo pleiteados para aceitar a regionalização ou zoneamento”, afirmou. “Estamos trilhando o melhor caminho para trilhar com esta questão da melhor maneira possível, com muita transparência”, disse.
Compartimentos inclusive por municípios estão sendo avaliados. Sula Alves que agora será zona livre ou regionalização. “Logicamente estamos trabalhando com a restrição de um raio de 10 km, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal, OMSA, uma convenção que os países adotam”, explicou. “Objetivo é configurar o mesmo status sanitário dentro de um controle estabelecido internacionalmente”, afirmou.
Bruno Pessamilio ainda confirmou que não há perigo para o ser humano ao consumir ovos e carnes de frango produzidos no Brasil. “E não há evidência de contaminação entre seres humanos do vírus da Influenza Aviária”, disse.
Brasil investiga mais de seis casos de gripe aviária
O Brasil investiga no momento seis casos de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP), sendo dois deles em granjas comerciais (um em Tocantins e outro em Santa Catarina), além de quatro casos em aves de subsistência em Sergipe, Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Na última sexta-feira (16), o Brasil confirmou pela primeira vez um caso de IAAP em granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agricultura, em nota oficial emitida no domingo (18), “na área com raio de 10km onde se declarou a emergência, as vistorias de propriedades estão em curso e em ritmo acelerado. A área perifocal (raio de 3 km), já teve 29 das 30 propriedades rurais vistoriadas, com previsão de atingir 100% até o final do dia de hoje (18/05). Na área de vigilância (7km a partir do raio de 3km), já foram vistoriadas 238 de 510 propriedades”.
Em entrevista nesta segunda-feira (19) à CNN, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que “se em 28 dias não houver nenhum outro caso de gripe aviária confirmado no Brasil, nós podemos, baseados na ciência, dizer que o Brasil está livre de gripe aviária em todo o território nacional”.
Alguns países que importam produtos avícolas do Brasil, como China, Japão e União Europeia, já declararam suspensão nas compras, mas cada parceiro comercial tem um protocolo de restrição, seja total do Brasil ou parcial, adotando critérios de regionalização ou zoneamento.
“O que pode acontecer e, ainda assim, alguns países, como foi quando houve o caso de Doença de Newcastle no Rio Grande do Sul, a China retirou o bloqueio de todos os outros 26 Estados brasileiros, mas manteve no Rio Grande do Sul. Seguiu com questionamentos que são pertinentes a este tipo de situação, e é assim que nós esperamos que siga com este caso (de influenza aviária de alta patogenicidade)”.
À medida em que os mercados vão ganhando confiança, segundo o ministro, com a transparência que o Brasil vem tratando esta situação, ao se passarem 10, 15 dias dos casos que foram levantados como suspeitos não tiverem confirmação, é possível assumir que não há conexão com a granja com caso confirmado em Montenegro (RS). “Se ele não forneceu nenhuma carga de matéria-prima (de ovos) para o Estado de São Paulo, e São Paulo não tem nenhuma suspeita, ou outro Estado, como Mato Grosso ou Goiás, é factível que a gente proponha aos compradores que restrinjam ao caso confirmado no Rio Grande do Sul. Isso é factível, é uma negociação diplomática que a gente vai atuar. Mas o momento é de total robustez no sistema, averiguar todos os casos, as barreiras sanitárias funcionando, reportar com transparência tudo o que está acontecendo”, diz o Ministro.
Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse à Reuters nesta segunda-feira que é muito cedo para avaliar impactos econômicos provenientes do caso da gripe aviária registrado no Brasil. Mello disse que gostaria de ter mais tempo e mais informações sobre o tema para posteriormente incorporar esses dados nas projeções oficiais da pasta para a economia.