A Antártida é o continente menos populoso do globo, apesar disso cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encontraram cepas do vírus influenza por lá. Para ser mais específico, o agente infeccioso da gripe aviária pode ser encontrado em pinguins e o possível impacto destes vírus em outras aves é desconhecido.
O estudo sobre o caso da gripe aviária em pinguins selvagens foi publicado na revista cientifica Microbiology Spectrum. As pesquisas em campo são lideradas pelo Fioantar, o projeto da Fiocruz na Antártica.
Segundo os autores, e evolução desses agentes infecciosos deve ser acompanhada, já que “os AIVs [vírus da gripe aviária] podem ter implicações para a saúde da fauna e há risco potencial da introdução de AIVs altamente patogênicos no continente”. No pior cenário, patógenos externos poderiam provocar surtos ou pandemias.
Vale lembrar que amostras de influenza, provenientes de aves silvestres, foram a origem no passado das cepas pandêmicas. São os casos da gripe espanhola de 1918, da gripe asiática de 1957, da gripe de Hong Kong de 1968 e, mais recentemente, da gripe suína de 2009.
Qual vírus da gripe aviária foi identificado na Antártida?
Após análises de 95 amostras de fezes de pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e pinguins-de-barbicha (Pygoscelis antarcticus), os pesquisadores da Fiocruz detectaram a presença do H11N2, um subtipo do vírus influenza A. A suspeita é que este agente infeccioso seja endêmico na região.
Isso porque, em testes de sequenciamento genômico, foi possível observar a diversidade das cepas na população, o que indica a “circulação contínua no continente” e “reforça a necessidade da vigilância constante da gripe aviária” na Antártida, afirmam os autores.
Hoje, sabe-se que este tipo de gripe aviária não causa doenças graves nos pinguins, mas o impacto em outros animais ainda é desconhecido. Por isso, pesquisas de monitoramento devem continuar.
Monitoramento da influenza em animais silvestres
“O conhecimento desse vírus [dos pinguins] é importante, porque ele ainda não foi identificado no Brasil. É importante para o acervo, porque dá uma noção da diversidade do influenza e do que pode estar circulando naquelas espécies animais”, afirma Fernando Couto Motta, pesquisador do Fioantar e do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em comunicado.
“Vivemos um momento de muita alteração no ambiente antártico e periantártico. O conhecimento do que existe lá permite que, numa situação em que ocorra um desequilíbrio, possamos entender o tamanho desse desequilíbrio e suas consequências”, completa Motta. Em paralelo, pesquisas sobre a influenza também devem ser realizados em aves encontradas nas florestas brasileiras e naquelas criadas em larga escala para o consumo humano.
Fonte: Microbiology Spectrum e Agência Fiocruz